A Dacia, marca romena do Grupo Renault, encetou a sua aventura eléctrica em 2020, introduzindo no mercado um ano depois um pequeno citadino a bateria, com ares de crossover, que lhe permitiu continuar fiel à máxima value for money e apregoar, inclusivamente, o seu papel proactivo na democratização da mobilidade eléctrica. Isto porque, desde que surgiu e até agora, o Dacia Spring reclama o estatuto de eléctrico mais barato do mercado. Pois bem, esta proposta vai reforçar os seus argumentos com uma actualização que mexe sobretudo com aqueles que poderiam ser apontados como os pontos fracos do modelo que se encontra à venda: a potência e a autonomia. A ideia é subir ambas, sem subir excessivamente o preço.
A informação é avançada pela tradicionalmente bem informada revista francesa L’Argus, segundo a qual a Dacia vai proceder a uma profunda renovação do Spring em 2024, alinhando a frente e a traseira com os futuros Duster e Bigster. Antes disso, o modelo vai passar a exibir a nova identidade visual da marca, com a adopção do novo emblema. Ao que o Observador apurou, esse ligeiro facelift vai ser acompanhado, no início do segundo trimestre de 2023, da introdução de uma nova versão com mais bateria e mais potência.
O Dacia Spring que se encontra no mercado não esconde as bases de um produto destinado, originalmente, a mercados emergentes como a Índia e o Brasil. É comercializado nesses países desde 2015 e 2017, respectivamente, como Renault Kwid, só que com motores de combustão. Partindo dessa base, evoluiu para um modelo eléctrico, o Renault City K-ZE, que é produzido e comercializado na China desde 2019. Foi a partir deste City K-ZE que a Dacia projectou o Spring que, embora usufrua de ligeiras modificações em termos de motorização, chassi e equipamento, para agradar aos europeus, continua a ver-se um pouco limitado pelos seus 45 cv de potência e 230 km de autonomia entre recargas. Para um veículo vocacionado para a cidade, estes valores não são nada maus, mais não seja porque o preço é atractivo. Em Portugal, o Spring tem preços a partir de 19.600€, a que se podem subtrair as ajudas governamentais para a aquisição de veículos eléctricos.
De acordo com a L’Argus, o Spring vai “fintar” estas limitações passando a propor uma versão “melhorada” face à que existe actualmente nos concessionários e que se irá manter, como modelo de acesso à gama. Essa nova versão contará com uma bateria de 30 kWh de capacidade, ao invés dos actuais 27 kWh. O aumento da capacidade do acumulador não é significativo, mas o incremento da potência do motor eléctrico será mais substancial, prevendo-se que atinja os 65 cv, mais 20 cv do que agora, possivelmente para combater alguma monotonia na condução. Por enquanto, desconhece-se se este Spring “mais capaz” continuará limitado a 125 km/h de velocidade máxima, mas a expectativa é que outro dos seus óbices seja atenuado. Referimo-nos ao alcance entre recargas, que deverá procurar superar a fasquia dos 250 km, de acordo com o protocolo de homologação europeu WLTP.