A TAP ainda não tomou a decisão de quantos voos irá cancelar no período do Natal, mas não afasta esse cenário. Isto porque, afirmou a presidente executiva da companhia, o número de pedidos de ausência por assistência à família subiu este ano, serão mais de 10% do que os verificados no mesmo período do ano passado.
Segundo dados fornecidos por Christine Ourmières-Widener, na conferência de apresentação dos resultados do terceiro trimestre, temos um “pico de pedidos para o Natal. Não é a primeira vez, mas está maior este ano” e, sublinhou, não estamos a falar de baixas por doença. Reconhecendo que todos os trabalhadores têm o direito legal de pedir a assistência à família quando têm crianças com menos de 12 anos, a gestora sublinhou também que estes pedidos são difíceis de gerir pela empresa “porque é algo que não controlamos.”
A presidente executiva da TAP não confirma contudo o número de 400 voos cancelados para o final do ano anunciado por fontes sindicais. “Há alguns cenários, mas ainda não tomámos a decisão”. E garantiu que a empresa tudo fará “para proteger a operação”, mas neste momento ainda estão a ser avaliados os impactos das assistências. Os números dos voos a cancelar serão anunciados brevemente.
Pilotos dizem que TAP vai cancelar 400 voos até ao fim do ano
Chegaram cerca de 300 pedidos de assistência à famílias para o período do Natal e ano novo, esclareceu a administração da TAP. A maioria destes pedidos veio de tripulantes, uma classe profissional que tem 3.000 colaboradores, e que está a aumentar a pressão sobre a administração da empresa por causa da renegociação do acordo de empresa. Para cumprir o plano de reestruturação, a TAP tem de renegociar todos os acordos de empresa que serão denunciados até ao final do ano. E quando estes acordos são denunciados, a empresa tem logo que apresentar uma proposta, mas há margem e tempo para negociar.
O sindicato dos tripulantes, o SNPVAC, realiza esta quinta-feira uma assembleia geral para discutir o tema e não afastou a possibilidade de recorrer à greve. Questionada sobre esta possibilidade, Christine Ourmières-Widener avisa que uma greve “seria um desastre porque iria prejudicar o bom trabalho que está a ser feito por toda a organização, pelos trabalhadores e “todo o sacrifício feito pelos portugueses” com a ajuda pública injetada na companhia. Para a gestora, a “greve não faz sentido” e deixou o apelo: “devíamo-nos sentar e ver o que é possível”. E assinalou a importância de criar confiança na gestão que, diz, deve ser avaliada pelos resultados.