A primeira temporada acabou por ser boa mas teve momentos excelentes que colocou a equipa a sonhar com os lugares europeus ou algo mais a meio da época, a segunda temporada começou tão mal só com duas vitórias em nove encontros que levou mesmo à rescisão de contrato. Há exatamente um mês, Bruno Lage saía do Wolverhampton naquela que foi a sua primeira experiência a solo na Premier. Agradeceu, ouviu elogios, fez as malas, aproveitou para estar mais tempo com a família. Agora voltava ao espaço público, com uma presença na Web Summit para falar da passagem por Inglaterra e não só. Ali e apenas ali, no palco do Sports Trade. “Já falei muito hoje, já está bom”, atirou a sorrir enquanto deixava o espaço.

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“O nosso principal foco quando chegámos ao Wolves era mudar a forma de jogar, neste caso mantendo até o mesmo sistema tático mas jogando de uma forma diferente. A meio de fevereiro estávamos a lutar pelo top 4, depois em março andávamos ali em sexto/sétimo, no final estávamos sem cinco jogadores por lesão e foi um período difícil. Tivemos a vitória em Old Trafford que foi boa, nunca tinha acontecido na história do clube. Esta segunda temporada foi mais complicada, diferente pelo calendário preparado por causa do Mundial”, referiu, antes de apontar aquela que foi a grande pecha do clube na preparação do ano.

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“Não podemos competir a sério na Premier sem termos um único avançado. Não aconteceu. Sempre que jogámos com um avançado, o rendimento da equipa aumentou logo. A pré-temporada é um momento importante para os jogadores se conhecerem, integrarem novas dinâmicas, perceberem a realidade. Neste caso chegaram nos últimos dias de mercado e quando é assim precisamos de tempo. Este calendário é uma loucura, quase ficamos sem tempo para recuperar e jogar ao nível habitual. Mudou tudo, a Champions era a meio de setembro e agora acaba na primeira semana de novembro. Foi uma boa experiência, pude estar a competir com alguns dos melhores treinadores”, acrescentou sobre a passagem pelo Wolves.

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Depois, Lage voltou a falar do Benfica. A começar pela parte boa, com a série de vitórias seguidas que valeu o título na segunda metade da época de 2018/19 – e acrescentando a primeira metade de 2019/20 onde só sofreu um desaire no Campeonato entre vitórias em toda a primeira volta. “O segredo foi a forma como me preparei durante 20 anos. Trabalhei nas camadas jovens, no Dubai, em Inglaterra, depois achei que estava no momento certo para voltar. Assinei por cinco anos com a equipa B mas seis meses depois já estava na A. Achei que era tudo natural, jogador mais novos, jogadores mais velhos. Percebi logo nos primeiros treinos que, pela minha forma de treinar, ia ter sucesso. Foram 13 meses brilhantes”, frisou.

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Explicando que aproveita tudo o que existe a nível de dados e tecnologia para reunir mais informação que ajude na análise de treinos e jogos, Bruno Lage falou ainda sobre o futuro. “O próximo projeto tem de ser o projeto certo. Tenho de convencer as pessoas que as coisas não aparecem do nada, precisam de tempo para serem trabalhadas. Tinha boas ideias para o Benfica e para o Wolverhampton, não tive tanto tempo. Faltou tempo, faltaram os jogadores certos. Não os jogadores mais caros, os certos”, concluiu.