Há dias em que não se deve sair de casa porque tudo aquilo que podia correr mal, corre ainda pior. Neste caso, Portugal teve um dia onde só tinha a ganhar em sair de casa, neste caso do hotel onde está hospedado em San Juan durante este Campeonato do Mundo, porque tudo aquilo que podia correr bem, corria ainda melhor. E foi assim, num dia “abençoado”, que a Seleção garantiu a presença nas meias da prova.
Portugal goleia Chile e está nos quartos de final do Mundial de hóquei em patins
Por sortilégio do próprio calendário, que neste particular deveria ser revisto a bem da verdade desportiva, o adversário da Seleção nos quartos iria sair de um jogo entre o quarto e último do grupo B, Moçambique (que perdeu com Argentina, Espanha e Angola), com o primeiro de um dos grupos de uma espécie de 2.ª Divisão, a Alemanha, que ganhou a Andorra, Áustria e Austrália. Os germânicos conseguiram vencer por 3-2 com um golo a dois minutos do final e já depois de os africanos terem falhado um penálti que poderia virar o encontro mas tinham um problema: seguia-se mais uma partida, agora com Portugal.
O histórico com a Seleção Nacional já não era famoso (39 derrotas em 44 golos, 70-230 em golos, cinco goleadas nos derradeiros cinco confrontos), o facto de chegar com 50 minutos nas pernas no mesmo dia não abria as melhores perspetivas. Ainda assim, mesmo com essas adversidades, a Alemanha conseguiu bater-se bem e ofereceu resistência a Portugal, não conseguindo repetir o que se passara antes: Angola esteve a ganhar por 4-2 à Itália e só caiu nos minutos finais (5-4), a França conseguiu surpreender e afastou a Espanha nos quartos, ganhando no desempate por penáltis após o empate a quatro (5-4).
A vingança foi servida na Meca do hóquei: Portugal goleia França no arranque do Mundial em San Juan
Portugal nem teve aquela entrada avassaladora não só a nível de golos mas também de domínio como já aconteceu neste Mundial com França e Chile, demorando até conseguir furar a muralha germânica (e com Pedro Henriques a ter duas boas intervenções na baliza) e chegando ao 1-0 por Henrique Magalhães numa jogada individual (8′). Pensava-se que estava dado o mote para a goleada mas a eficácia continuou a deixar muito a desejar, sendo preciso esperar mais dez minutos pelo 2-0 que surgiu de grande penalidade por Gonçalo Alves (que voltou a entrar para marcar a bola parada por estar condicionado por um problema no joelho mas agora a fazer mais minutos na pista). E não haveria mesmo mais golos até ao intervalo.
O segundo tempo foi diferente, com Portugal a entrar mais rápido, a jogar mais largo e a defender mais alto para tentar resolver cedo a partida e foi assim, em mais uma boa combinação entre os dois jogadores do Barcelona, que Hélder Nunes assistiu João Rodrigues para o 3-0 (28′), não demorando muito a bisar para o 4-0 após um grande passe do aniversariante Rafa (32′). O avançado do FC Porto que cumpria 31 anos deu logo de seguida outro volume à goleada com o 5-0 (33′), que levou os germânicos a pedirem uma pausa técnica para travar o ascendente nacional. No entanto, foi tarde: Hélder Nunes (35′), Telmo Pinto (38′), João Souto (38′), João Rodrigues (42′) e Gonçalo Alves (46′) marcaram também na goleada por 10-1 que teve um golo de honra de Max Thiel (35′), marcando lugar nas meias de novo com a França.