Parece que têm faltado peças de xadrez no tabuleiro do Bessa. O histórico nem sempre foi assim tão favorável aos dragões, mas o que é certo é que nos últimos anos o registo tem ficado cada vez mais negro para os axadrezados. O Boavista não marcava em casa frente ao FC Porto há 15 anos em jogos a contar para o campeonato (valeu um livre de Gorré que bateu nas costas de Diogo Costa aos 90+1′ para desfazer o mal) e para se encontrar a última vitória frente ao rival da Invicta, é preciso recuar a 2006/07.

O histórico de confrontos entre os dois conjuntos salienta ainda mais esta ideia: em 144 partidas disputadas, há 99 vitórias para os azuis e brancos, 23 para o axadrezados e situação de empate em 22 ocasiões. Na época 2022/23, o Boavista enfrenta o pior momento do Campeonato. O conjunto de Petit estava há cinco jogos sem vencer, tendo a última vitória sido carimbada frente ao Sporting há pouco menos de dois meses.

O destaque ainda antes do apito inicial ia para a ausência de Seba Pérez no Boavista. Um jogador preponderante no critério da circulação de bola dos axadrezados. As atenções estiveram também viradas para o banco do FC Porto, com a presença de Pepe a indiciar uma possível ida a jogo (que acabou mesmo por se confirmar aos 87′).

O FC Porto respeitou o sinal proibido (não perder pontos), mas começou o jogo em excesso de velocidade. Os dragões justificaram desde cedo a vitória: os primeiros 15 minutos foram asfixiantes para o Boavista e os cinco remates portistas durante esse mesmo tempo foram espelho disso. Uribe conseguiu encher o meio-campo na primeira parte, Taremi esteve muito bem na ligação de jogo nas costas de Evanilson e Galeno e Marcano fez mesmo a diferença a marcar pelo segundo jogo consecutivo (41′).

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Um arranque frenético que ia dando muitas dores de cabeça ao conjunto de Petit. O Boavista não conseguia ter bola desde trás: Bracali tentava esticar o jogo por Yusupha, a referência ofensiva dos axadrezados, mas a pressão do FC Porto no portador da bola não facilitava a tarefa. Curiosamente, os dragões chegam ao primeiro golo numa altura em que iam mostrando até mais dificuldades em chegar ao último terço. Ainda assim, a exibição consistente durante toda a primeira parte e a clara incapacidade dos axadrezados em ligar o jogo iam justificando o resultado ao intervalo.

A segunda parte começou com um Boavista a querer repartir mais as despesas da posse de bola. Petit tentou fechar espaços entre a defesa e o meio-campo, atraindo o FC Porto para os flancos. Conseguiu até, numa fase inicial da segunda parte, ter mais bola e critério na construção a partir de trás, mas o lance aos 58′ sentenciou o jogo: Cannon é expulso por segundo amarelo e em mais uma falta sobre Galeno.

Em desvantagem numérica, o poderio do FC Porto voltou a evidenciar-se ainda mais e o segundo golo surge pouco tempo depois por intermédio de Eustáquio numa grande combinação portista aos 64′. Galeno marca o terceiro aos 83′ depois de uma grande arrancada e na sequência de uma assistência de Otávio. Ainda houve tempo para uma chuva de golos aos cair do pano: aos 90+1′, Diogo Costa “deu” o golo de honra para o Boavista após livre de Gorré e Galeno marca instantes depois após mais um grande passe de Otávio.

O dérbi da Invicta foi intenso do início ao fim, como se esperava, e contou com uma vitória justa da equipa do FC Porto que conseguiu reforçar assim o segundo lugar antes da paragem para o Mundial, não perdendo mais terreno para o líder Benfica.