Licenças sem vencimento, baixas médicas e, por último, despedimentos. Foi esse o rumo seguido por vários funcionários da marca Yeezy, da Adidas, depois de trabalhar com Kanye West. Com um comportamento agressivo e uma atitude intimidatória, segundo vários relatos que chegaram à revista Rolling Stone, há mesmo quem tenha sido confrontado com fotografias da ex-mulher do cantor (à data ainda mulher), Kim Kardashian, nua na própria entrevista de emprego ou perguntas sobre vídeos pornográficos. Ao longo de praticamente 10 anos “Kanye estava apenas a ser Kanye” e aparentemente tudo lhe foi desculpado na Adidas.

A conduta de Kanye West terá sido semelhante durante de quase uma década, o tempo em que a parceria entre o cantor e a marca criada pela Adidas a que dava a cara durou. A revista norte-americana cita relatos de vários funcionários que relatam que Kanye West aproveitava reuniões de trabalho para reproduzir filmes pornográficos e que garantem que a Adidas tinha conhecimento do “comportamento problemático” de Kanye West e que a empresa devia ter tomado alguma decisão há mais anos.

A Rolling Stone teve acesso a uma carta assinada por vários ex-funcionários da Yeezy, enviada ao recém chegado CEO da Adidas, onde apelavam a alguma ação sobre o “ambiente tóxico e caótico” criado pelo cantor e pelo “comportamento doentio e predatório em relação às mulheres”. Questionada pela revista norte-americana, a Adidas respondeu apenas que não iria “discutir conversas privadas, detalhes ou acontecimentos que levaram à decisão de terminar a parceria Adidas Yeezy” e que se “recusa a fazer comentários sobre qualquer especulação” relacionada com o caso.

Há alguns meses, Kanye West admitiu publicamente ser “viciado em pornografia” e reconhecia “o mal” que o vício lhe tinha trazido “em várias áreas da vida”, da familiar à profissional. Um dos funcionários, que esteve em casa de Kanye West e foi confrontado com vídeos pornográficos e perguntas no final, diz à Rolling Stone que na altura achou “que era apenas um artista out of the box“. “Agora, vendo tudo mais afastado percebo que era uma estratégia para nos enfraquecer e estabelecer desde logo uma lealdade inabalável”, diz acrescentando ainda que a estratégia do rapper era “testar e destruir os limites das pessoas.”

Outra das funcionárias teve como “castigo”, por exemplo, ficar sentada no chão durante uma reunião de várias horas. “Não mereces estar sentada à mesa”, terá dito na altura Kanye West. “Ninguém questionava o motivo de ele não querer senior business managers na sala”, escreveram os funcionários na carta enviada ao novo CEO da Adidas: “Queria continuar a usar o poder para te violar de forma silenciosa, reduzia e ameaçava o teu papel na equipa”.

As revelações são feitas cerca de um mês depois de a Adidas ter confirmado que a parceria com o rapper tinha chegado ao fim, depois da polémica causada pelos comentários de Kanye West ofensivos e anti-semíticos.

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