Na quinta-feira, quando Portugal venceu o Gana e Danilo fez dupla com Rúben Dias no eixo defensivo, muito se falou sobre a possibilidade de o jogador do PSG perder a titularidade para Pepe depois de uma exibição pouco conseguida. No fim, quis o fado de Danilo que uma lesão contraída num treino o tirasse das contas de Fernando Santos — e colocasse Pepe no onze inicial.

O experiente central cumpriu os primeiros minutos no Mundial esta segunda-feira e regressou aos relvados depois de ter cumprido alguns instantes contra o Boavista, ainda pelo FC Porto, e também contra a Nigéria, no último particular da Seleção. Aparentemente recuperado da lesão que sofreu nos últimos meses e que o afastou das opções de Sérgio Conceição durante várias semanas, Pepe fez 90 minutos pela primeira vez e ainda aproveitou para fazer história.

Aos 39 anos, nove meses e três dias, o jogador tornou-se o mais velho de sempre a representar Portugal num Campeonato do Mundo — superando Vítor Damas, Manuel Bento, Cristiano Ronaldo e Bruno Alves. Adicionalmente, ficou ainda como 10.º jogador mais velho de sempre num Mundial, destronando o alemão Angel Labruna do top 10 e entrando num lote onde El-Hadary é recordista (45 anos e 161 dias) e que inclui Roger Milla, Peter Shilton e Dino Zoff. Pepe ainda terminou a partida enquanto capitão, na sequência da saída de Ronaldo, e foi naturalmente um dos elementos mais entusiastas com os dois golos de Bruno Fernandes.

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Pepe foi um dos jogadores portugueses a passar pela zona de entrevistas rápidas e não se esqueceu de agradecer ao FC Porto. “Tive uma lesão bastante chata. Trabalhei muito bem no clube, deram-me a possibilidade de estar a 100% hoje na Seleção. Sinto-me feliz, agradeço também aos meus companheiros. Trabalho muito forte para poder representar bem Portugal”, começou por dizer o central dos dragões, comentando depois o registo histórico que atingiu.

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“Tinha esse bichinho dentro de mim, de poder disputar mais um jogo num Mundial, o meu quarto Mundial. Mas, acima de tudo, é o trabalho coletivo que nós fizemos hoje. Fomos uma equipa muito madura. Esta equipa eliminou-nos no último Mundial e nós sentimos que foi um bocado injusto pelo que fizemos. A equipa entrou com personalidade, a ter bola e eles fechados a querer sair em transição. Nós reagimos bem à perda de bola. Na primeira parte eles tiveram um lance que o Diogo defendeu. Mas nós, na segunda parte, fomos muito superiores. Soubemos sofrer como equipa. Temos uma equipa muito unida, com muito bons profissionais e é esse o caminho. A humildade, o representar o nosso povo. Vamos dar tudo”, acrescentou Pepe, que também falou ao Observador na zona mista.

“Para mim é um privilégio poder acordar e poder fazer aquilo que mais amo. A minha sensação é sempre a mesma: desfrutar ao máximo quando entro em campo. Trabalho para ajudar na Seleção e ajudar no clube. Sou um privilegiado por poder estar aqui hoje a fazer aquilo que mais amo, que é jogar futebol e ajudar o meu país. Monstro no balneário? O mister foi simpático. Acho que o mais importante é tentar ajudar os mais jovens, é uma oportunidade que todos temos e temos de dar o nosso melhor. Não vai ser fácil, temos uma longa caminhada pela frente e só conseguimos um objetivo ligeiramente pequeno”, explicou o central, que não deu uma resposta assertiva sobre se vai deixar a Seleção depois do Mundial. “Não sei. Vamos dia a dia”, atirou.