Enviado especial do Observador em Doha, no Qatar

Aquilo que Gonçalo Ramos conseguiu fazer no primeiro jogo como titular por Portugal, e logo nos oitavos de um Campeonato do Mundo frente à Suíça, não deu propriamente margem para grandes dúvidas sobre quem era a figura da goleada entre três golos e uma assistência. Houve um pouco de tudo nas grandes publicações internacionais sobre o avançado nascido em Olhão que tem quatro golos noutras tantas partidas da Seleção, ainda para mais pelo hat-trick no dia em que substituiu Cristiano Ronaldo no onze. No meio de tudo isso, outras exibições acabaram por não ser tão faladas apesar de merecerem mais do que tudo que tal viesse a acontecer. Uma dela, claro, foi a de João Félix. Talvez a melhor no conjunto principal do país.

Ter um Pistoleiro sem pólvora seca é o maior sinal de gratidão a Ronaldo (a crónica do Portugal-Suíça)

Além das duas assistências (ambas para Gonçalo Ramos) e dos muitos duelos individuais ganhos, o jogador do Atl. Madrid encheu o campo com uma alegria que na primeira metade da temporada andou muitas vezes arredada nos colchoneros. Às vezes começava na esquerda, outras assumia o espaços entre linhas, pisou terrenos mais centrais no apoio direto a Ramos. O carrossel nacional do meio-campo para a frente (sem deixar de fora as subidas dos laterais foi determinante) andou demasiado depressa para a defesa suíça e fez com que as notícias de mercado sobre o seu futuro não ficassem atrás a nível de velocidade. Se a saída era uma possibilidade em cima da mesa em choque com Diego Simeone, as declarações de Miguel Ángel Gil, CEO da equipa espanhola que está em Doha, foi um tiro de partida para a corrida com vários candidatos.

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O primeiro clube que se começou a falar como uma possibilidade mais concreta para ser uma solução para o avançado português foi o Aston Villa, numa perspetiva de encontrar no jogador a referência para dar um salto na Premier League. No entanto, as exibições neste Mundial elevaram muito a fasquia e nesta altura o Relevo coloca outros clubes de maior dimensão na órbita do jovem jogador formado no Benfica.

De acordo com a publicação espanhola, o PSG surge nesta fase como uma possibilidade real para o jogador, sendo que os primeiros contactos exploratórios terão começado ainda no início de outubro também por haver uma relação próxima entre Jorge Mendes, agente do avançado, e Luís Campos, diretor do futebol dos franceses. Além do campeão gaulês, o Chelsea, que procura mais uma unidade com características ofensivas para reforçar o plantel agora comandado por Graham Potter, e o Arsenal, que corre o risco de perder por três meses Gabriel Jesus, estão a acompanhar a situação do internacional a par do Bayern. Tudo com uma nuance: em caso de venda, o clube não quer perder dinheiro face aos 120 milhões de euros gastos.

No Qatar, Félix continua a recusar falar sobre o futuro, dizendo-se apenas concentrado num Mundial onde tem sido sempre opção inicial de Fernando Santos à exceção da gestão feita com a Coreia do Sul. No entanto, a qualidade das exibições pode mudar esse cenário. “Foi uma boa exibição, faço tudo para poder ajudar a equipa, as coisas saíram bem e quando assim é estou contente e estamos todos contentes por isso. Ligação com o Gonçalo Ramos para continuar? Cabe ao mister decidir mas sim, dou-me super bem com ele, é um jogador com quem gosto de jogar, tem características que me ajudam no meu jogo e as coisas correram muito bem. Melhor jogo na Seleção? Não sei, deixo para vocês decidirem… Tento fazer o meu trabalho, não estou preocupado em saber se jogo bem ou mal, o importante é a equipa ganhar. Vamos agora analisar a seleção de Marrocos…”, referiu na zona mista após a goleada à Suíça antes de uma “carga de ombro” de Rúben Dias quando estava a passar por trás do avançado e antigo companheiro de equipa na Luz.

Futuro?Estou no Mundial, depois falamos nisso. Sinto-me mais à vontade aqui, sim, a maneira de jogar aqui é completamente diferente e a alegria é outra”, admitiu João Félix.

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Na véspera, Miguel Ángel Gil Marín, CEO do Atl. Madrid, assumira à TVE que a continuidade do português no Wanda Metropolitano seria muito complicada. “Foi a maior aposta do clube na sua história. Eu, a título pessoal, considerou que tem o nível máximo à escala mundial de talento, como jogador e como pessoa, e é verdade que, por motivos que não vale a pena agora estar a explicar, a relação dele com o mister, os minutos que tem jogado e a sua motivação atual fazem com que pensemos que seja razoável, caso exista alguma opção boa para o clube e para o jogador, tenhamos pelo menos de analisar. A mim pessoalmente era muito bom que continuasse mas creio que a ideia do jogador não é essa”, assumiu o responsável.