A Comissão Federal do Comércio dos Estados Unidos (FTC) impôs esta segunda-feira uma multa de 520 milhões de dólares à Epic Games, criadora do Fortnite. Em causa estão acusações de que a empresa violou a privacidade de menores e que utilizou truques conhecidos como dark patterns (“padrões negros”, em português) para que os jogadores fossem levados a comprar artigos dentro desse jogo, clicando apenas em determinados botões. O Fortnite tem mais de 400 milhões de utilizadores em todo o mundo.

De acordo com um comunicado divulgado pelo regulador norte-americano, 275 milhões de dólares da multa devem-se à recolha de dados (não foi especificado de que tipo) de jogadores com menos de 13 anos sem o consentimento dos pais. A Epic Games passa também a ser obrigada a desativar, por defeito, as funcionalidades de chat e comunicação por voz nas contas desses jogadores jovens.

A FTC explica que os trabalhadores da empresa de videojogos tentaram, em 2017, instar a empresa a deixar de permitir a ativação, por defeito, das comunicações por voz e do chat dos jogadores mais novos. Apesar disso “e de relatos de que crianças foram assediadas, inclusive sexualmente”, enquanto jogavam “a empresa resistiu a desativar as configurações padrão”. Para Lina M.Khan, líder da FTC, que é citada no comunicado, não existem dúvidas de que a Epic Games “utilizou configurações padrão invasivas da privacidade e interfaces falaciosas que enganaram utilizadores do Fortnite, incluindo adolescentes e crianças”.

Os restantes 245 milhões daquela que, segundo a Mashable, é a maior multa já emitida pela FTC servem para “reembolsar os consumidores pelos ‘padrões negros'” utilizados pela empresa norte-americana. A Comissão Federal do Comércio dos Estados Unidos considera que os jogadores de Fortnite foram levados a pagar por produtos que podem não ter tido a intenção de comprar.

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Na nota, o regulador explica que foi permitido que crianças e outros utilizadores comprassem V-Bucks — moedas do Fortnite que permitem comprar conteúdos do jogo — “simplesmente ao pressionar botões”, sem que fosse exigida “qualquer ação ou consentimento” por parte dos pais ou do “titular do cartão” de crédito. Desta forma, a empresa é acusada de guardar os dados do cartão de crédito dos utilizadores que fizessem, pelo menos, uma compra e de não os pedir nas contas seguintes.

A Epic Games reagiu ao comunicado da Comissão Federal do Comércio dos Estados Unidos concordando em pagar a multa: “Aceitamos este acordo porque queremos que a Epic esteja na vanguarda da proteção do consumidor”. Além de desativar, por defeito, as funcionalidades de chat e comunicação por voz nas contas de menores de 13 anos, a empresa vai passar a reconfirmar a intenção de compra dos jogadores e agilizar o processo de cancelamento.

“Guardar, por defeito, as informações de pagamento é uma maneira comum de agilizar o processo de checkout, para que os jogadores não precisem de inserir o método de pagamento sempre que fizerem uma compra. Concordámos com a FTC em alterar essa prática”, afirmou ainda a empresa.