À medida que os mundos físico e digital se aproximam e confundem, uma tendência estimulada pela pandemia COVID-19, em que tudo passou a ser mais virtual, a redefinição dos conceitos empresariais ao nível das responsabilidades para os trabalhadores e sociedade ganharam nova dimensão. As empresas encaram-se cada vez mais como entidades imersas na comunidade local e global, delineando estratégias políticas e práticas no que respeita às questões sociais e ambientais, uma tendência que está alinhada com o desejo dos consumidores. Um inquérito recente indica que 70% dos americanos concorda que as empresas têm uma responsabilidade especial de tornarem o mundo um lugar melhor e 77% afirma estar mais motivado para comprar marcas comprometidas com estes objetivos. Os investidores estão também mais sensíveis à responsabilidade social e à sustentabilidade. Um total de 73% afirma que este fator pesa nas suas decisões de investimento.
Segundo a definição do Livro Verde da Comissão Europeia (2001) a “Responsabilidade Social Corporativa (SER) é essencialmente, um conceito segundo o qual as empresas decidem, numa base voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo”. Mas esta definição tem evoluído ao longo do tempo e mais recentemente, em 2011, a Comissão Europeia redefiniu o conceito como sendo “a responsabilidade das empresas pelo seu impacto na sociedade”, o que significa um compromisso entre competir, crescer e inovar de forma lucrativa com consciência social. Os exemplos são muitos e cada vez mais frequentes, com resultados surpreendentes. A rede de farmácias norte-americana CSV é um exemplo de que um passo atrás pode traduzir-se em muitos à frente. No ano de 2014 deixou de vender tabaco para estar em sintonia com o facto de ser uma marca vocacionada para a saúde e sacrificou cerca de dois mil milhões de dólares, mas apenas dois anos depois o preço das ações estava 66% mais alto do que antes de abandonar o tabaco.
“Agir de forma ética”: um princípio responsável
Combater as alterações climáticas, contribuir para a justiça social e direitos humanos, diminuir desigualdades de recursos e rendimentos são ideias que estruturam a responsabilidade social corporativa. Novas questões são agora colocadas em cima da mesa no âmbito da liderança empresarial: Que questões sociais devemos apoiar? Que iniciativas sociais devemos desenvolver? Devemos incentivar os nossos funcionários a fazer voluntariado e a participar em iniciativas sociais? Pelo menos no que respeita a esta última pergunta a resposta é simples, é importante o envolvimento de todos. Para não deixar ninguém para trás, tanto os participantes da organização como a comunidade devem estar comprometidos com projetos sociais. Uma conduta ética é também imprescindível para o sucesso no que respeita às responsabilidades de cada um e de todos. Existem instituições como é o caso do Banco Credibom que se guiam por um código de conduta, orientando-se pela ideia de “agir de forma ética”, o que inclui princípios como respeitar indivíduos, ser responsável com clientes e fornecedores, respeitar os compromissos ambientais, prevenir e detetar corrupção e tráfico de influências, ser diariamente vigilante para proteger clientes, lutar contra o branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo, combater a evasão fiscal, prevenir a fraude e proteger a integridade dos mercados.
Para além desta preocupação com uma conduta eticamente responsável, o Banco Credibom engloba na estratégia ações concretas para contribuir para o desenvolvimento social e humano dos seus colaboradores e da sociedade em que se insere. Neste contexto, lançou em 2022 o programa de “Apoio a filhos de colaboradores que ingressaram no primeiro ano de Universidade Pública Portuguesa” com a oferta de cinco bolsas de estudo.
Trabalhadores felizes são mais produtivos
Pensar nos colaboradores é também uma forma de atrair os talentos. Os gestores estão cada vez mais conscientes de que ser socialmente responsável afeta a forma como fazem negócios, mas também a capacidade de competir pelos melhores. Um estudo de 2020 intitulado “Employee Perspectives on Responsible Leadership During Crisis” indica que 93% dos trabalhadores acredita que as empresas devem liderar com um propósito e se os funcionários forem capazes de reconhecer estas metas 90% sentem-se mais inspirados, motivados e leais à empresa, sendo que 70% das pessoas inquiridas recusam-se a trabalhar em empresas que tenham políticas contra os seus princípios.
A valorização do bem-estar dos trabalhadores, oferecendo benefícios para uma maior qualidade de vida, respeitando a diversidade e inclusão no local de trabalho, de uma forma intergeracional e colaborativa, com igualdade entre homens e mulheres, bem como o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional são também formas de começar a trabalhar na responsabilidade social no interior das próprias empresas. Vários estudos indicam que trabalhadores felizes são mais criativos e produtivos, para além de terem menos tendência para a rotatividade profissional. Depois do mundo ter vivido uma pandemia, em que o trabalho remoto, com reuniões, conferências e convívios de colegas online passou a ser regra, os trabalhadores parecem preferir modelos de trabalho flexíveis, que podem oscilar entre o teletrabalho integral e o sistema híbrido, com alguns dias no escritório e outros em casa. Os casais com filhos deparam-se com a possibilidade de conjugar com muito mais facilidade os horários escolares com as obrigações laborais, só para dar um exemplo. O aumento do preço dos combustíveis e a inflação faz com que os trabalhadores olhem também com outros olhos para o regresso presencial ao escritório, por causa das despesas implicadas, embora o teletrabalho também envolva gastos que em alguns casos estão a ser monetariamente compensados pelas empresas. Surgem também novas realidades como os “nómadas digitais”, normalmente jovens com um bom poder económico, que usufruem das vantagens de trabalhar à distância e poder escolher onde querem viver mesmo que a sede da empresa fique num país diferente.
Mais de metade de quem procura emprego prefere trabalho à distância
De acordo com uma pesquisa da Deloitte, 75% das pessoas da Geração Y e Z preferem um modelo de trabalho híbrido ou remoto e segundo o LinkedIn na procura de emprego o desejo por trabalho remoto está a aparecer em 65% das buscas globais de emprego. Esta é uma realidade que não pode ser ignorada, embora muitos líderes de empresas estejam a resistir à mudança e alguns até vaticinem que 2023 será o ano do regresso ao escritório. A semana de quatro dias de trabalho é também outros dos temas da agenda mediática. A maioria dos trabalhadores portugueses (86%) prefere uma semana de trabalho de quatro dias, com 23,9% a manifestar interesse numa semana de trabalho de 32 horas, mesmo que isso signifique um corte de salário, segundo os resultados do estudo “O estado da compensação 2022-23”, organizado pela Coverflex.
Numa empresa com consciência social a participação dos trabalhadores para condições de trabalho mais saudáveis e positivas é um fator a ter em consideração. É também importante que os líderes empresariais possam estar atentos para dar uma resposta proativa em situações que saem do expectável como por exemplo a rápida mudança para apoiar o trabalho remoto durante a Covid-19. No mundo dos negócios é fundamental a capacidade de adaptação à mudança, porque o que funciona hoje pode não funcionar amanhã, como descobrimos com o surto pandémico que alterou a economia mundial e vida das pessoas à escala global. Por isso, a verdadeira responsabilidade corporativa requer um plano para abordar não apenas os problemas atuais, mas os desafios que estão no horizonte e podem surgir no futuro.