A junta militar de Myanmar (antiga Birmânia) rejeitou na sexta-feira a resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, acusando o organismo de querer desestabilizar o país.

A resolução, aprovada na quarta-feira e que pede o fim da violência no país e a libertação de todos os presos políticos, incluindo a ex-líder Aung San Suu Kyi, contém “vários elementos” que interferem nos “assuntos internos” do país e “violam os princípios e objetivos das Nações Unidas”, pode ler-se num comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros birmanês.

A nota apontou que a situação no país “não representa de forma alguma qualquer risco para a paz e segurança internacionais”.

A junta birmanesa “não aceitará” a resolução, acrescentou.

“Exercer pressão para desestabilizar Myanmar em vez de apoiar os esforços do Governo não ajuda o país e Myanmar não aceitará tais atos”, referiu.

A resolução aprovada na quarta-feira contou com 12 votos a favor e nenhum contra. A China e a Rússia abstiveram-se, renunciando a exercer o seu direito de veto que teria bloqueado esta iniciativa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A vencedora do Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, de 77 anos, foi presa enquanto chefe do Governo no golpe militar de fevereiro de 2021 que encerrou uma década de transição democrática no país do sudeste asiático.

Desde então, Myanmar tem sido atormentado pela violência e por uma crise económica. Mais de 2.500 civis foram mortos pelas forças de segurança, segundo a avaliação de uma organização não governamental local.

A resolução “exorta” os militares “a libertar imediatamente todos os prisioneiros detidos arbitrariamente”, citando o ex-presidente Win Myint e Aung San Suu Kyi.

O texto também exige “a cessação imediata de todas as formas de violência” e pede “a todas as partes que respeitem os direitos humanos, as liberdades fundamentais e o Estado de direito”.