O ex-secretário de Estado do Tesouro que tinha a tutela da TAP quando a empresa assinou o acordo de rescisão com Alexandra Reis garante que nunca lhe foi referida a existência do pagamento de qualquer compensação à então administradora da transportadora aérea.
Miguel Cruz tinha a tutela da TAP no Ministério das Finanças e foi quem negociou na Comissão Europeia o plano de reestruturação da companhia aérea. Num esclarecimento prestado ao Observador, garante que nunca falou com o administrador financeiro da TAP, Gonçalo Pires, sobre as razões da saída de Alexandra Reis, ao contrário do que foi referido esta quinta-feira numa peça da SIC.
A referida peça diz que o então secretário de Estado terá estranhado a saída da gestora, tendo questionado informalmente o CFO da TAP sobre a matéria. A SIC adianta que na conversa não terá sido mencionada a existência de uma indemnização. Ao Observador Miguel Cruz diz que nunca falou com o administrador financeiro da TAP sobre as razões da saída de Alexandra Reis e “muito menos me foi referida a existência de compensação”, sublinhou o responsável que atualmente é presidente da Infraestruturas de Portugal, cargo para o qual foi nomeado por Pedro Nuno Santos e pelo atual ministro das Finanças.
Também o ex-ministro das Finanças, João Leão, garantiu publicamente esta quinta-feira não lhe ter sido comunicado o acordo feito pela TAP para a saída de Alexandra Reis e que levou ao pagamento de uma compensação de meio milhão de euros. Estas declarações foram feitas já depois da demissão do ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e do seu secretário de Estado, Hugo Mendes.
O Ministério das Finanças exerce a tutela conjunta da TAP com o Ministério das Infraestruturas, mas os responsáveis da pasta em fevereiro quando a TAP negociou com Alexandra Reis a rescisão antecipada negam ter tido conhecimento do processo. Ontem à noite, O Ministério das Finanças também afirmou que Fernando Medina desconhecia o acordo e a compensação quando convidou Alexandra Reis para secretária de Estado do Tesouro, a mesma pasta que Miguel Reis ocupou no anterior Governo de António Costa.
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Estas declarações terão isolado a tutela das Infraestruturas (que manteve o ministro e secretário de Estado no atual Governo) contribuindo para a decisão conhecida horas mais tarde de Pedro Nuno Santos abandonar o cargo na sequência da demissão do seu secretário de Estado. No comunicado onde justifica a sua saída, o ministro admite que conhecia a existência do acordo de saída, que tinha aliás autorizado a TAP a promover, mas não os seus contornos, nomeadamente o valor, que foram validados por Hugo Mendes sem informar a co-tutela das Finanças, a avaliar pelas declarações de João Leão e Miguel Cruz.