O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), que convocou uma greve na TAP entre 25 e 31 de janeiro, disse que a administração da transportadora não quer “compreender revolta e indignação” dos tripulantes de cabine.

Numa nota aos associados, a direção do sindicato garantiu que, apesar dos seus “inúmeros esforços” em encontrar uma solução consensual para o diferendo que a opõe à TAP, “a verdade é que a atual administração continua a não querer compreender a revolta e a indignação dos tripulantes de cabine“.

“Sempre privilegiámos o diálogo”, garantiu o SNPVAC. “No entanto, uma vez que a empresa continua a não satisfazer todas as nossas exigências apresentadas na assembleia-geral de 3 de novembro, entendeu a direção do SNPVAC avançar para um pré-aviso de greve de 7 dias, de 25 a 31 de janeiro, cumprindo assim o que tinha sido mandatado pelos associados na assembleia do dia 6 de dezembro”, explicou.

A direção deixa ainda um recado para quem a possa acusar de ser “irresponsável” ou os seus associados de “radicais”. “Recordamos que a empresa não pode vangloriar-se de alcançar lucros em 2022, sem que haja um verdadeiro e significativo reconhecimento dos esforços dos tripulantes de cabine”, destacou.

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“Foram estes esforços, assim como os múltiplos e penosos sacrifícios pessoais e profissionais da nossa classe, que contribuíram para os resultados apresentados pela empresa”, garantiu o SNPVAC.

A direção do sindicato, dirigindo-se aos associados, assegurou que está ciente da “magnitude” da greve e do “impacto que tal decisão irá ter na operação, nos passageiros e no próprio rendimento” dos tripulantes de cabine. “É, por isso, uma decisão tomada de forma séria, baseada numa estratégia fundamentada e avessa a pressões ou impulsividades”, referiu.

“Cabe então à administração demonstrar aquilo que tanto apregoa, mas que, na verdade, nunca tentou de forma séria: solucionar este diferendo e satisfazer as nossas reivindicações justas e legítimas, percebendo que a paz social tem um valor inigualável”, realçou o sindicato, acrescentando que da sua parte “haverá sempre disponibilidade para o diálogo”, mas assegurando “a defesa e os interesses” dos associados.

“A nossa luta é legítima e, dado a importância do momento, temos de ter consciência que as nossas atuais ações terão repercussões no futuro da nossa classe”, referiu ainda o SNPVAC.

O sindicato alertou, por fim, os associados, tendo em conta o momento atual, de que “as próximas semanas serão de muita tensão, ansiedade e contrainformação”.

A TAP disse esta segunda-feira que respeita e lamenta a decisão do SNPVAC em avançar com uma greve este mês e assegurou que está a fazer tudo para um acordo.

“Respeitamos e lamentamos a decisão do SNPVAC e continuamos a fazer todos os possíveis para chegar a um acordo que sirva os melhores interesses do país, dos nossos clientes, dos tripulantes de cabina e da TAP”, disse fonte oficial da transportadora aérea.

A assembleia-geral do SNPVAC reprovou em 29 de dezembro a proposta da TAP, mantendo a intenção de realizar cinco dias de greve até 31 de janeiro, adiantou, na altura, fonte sindical à Lusa.

Assim, a proposta da administração da companhia foi chumbada, com 615 votos contra, seis a favor e uma abstenção, mantendo-se a possibilidade de avançar com uma greve cinco dias até 31 de janeiro, como tinha ficado decidido na última assembleia do SNPVAC.

Recorde-se que este sindicato realizou uma greve de tripulantes da TAP nos dias 08 e 09 de dezembro, que levou a companhia aérea a cancelar previamente 360 voos e teve um impacto estimado total de oito milhões de euros.