O pedido de esclarecimento à Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a legalidade dos termos em que decorre a greve dos professores justifica-se por ser uma “greve atípica” e haver “dúvidas que precisam de ser esclarecidas”, defendeu esta quinta-feira o Governo.

“Se o Governo não considerasse que não havia nada a clarificar sobre esta greve que como todos os portugueses podem ver é uma greve atípica, que foge das greves mais normais, não teria colocado à questão à PGR. Se colocou é porque entende que há dúvidas que precisam de ser esclarecidas. O direito à greve é um direito de todos os trabalhadores, mas as greves também têm regras e é isso que é preciso confirmar, se aqui elas estão ou não estão a ser seguidas”, disse hoje a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva.

A ministra foi questionada sobre a greve dos professores em curso, na conferência de imprensa do Conselho de Ministros desta quinta-feira, tendo ainda recusado comentar as declarações do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sobre o tema.

Não vou obviamente comentar as declarações do Presidente da República. Fico sempre um pouco surpresa que me continuem a fazer esse pedido”, disse.

O Presidente da República afirmou hoje esperar uma clarificação legal rápida sobre a greve dos professores por parte da PGR em resposta ao pedido Governo, que no seu entender deveria ter sido feito com antecedência.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em declarações aos jornalistas, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que este “é um período crucial em termos de ano letivo” e que “é fundamental que haja condições para que as escolas possam funcionar”.

Segundo o chefe de Estado, “tudo o que possa ser uma clarificação rápida do que é legal ou não é legal [na greve dos professores] e se é possível ou não haver serviços mínimos é fundamental”.

O Ministério da Educação revelou na quarta-feira que pediu um parecer jurídico à PGR sobre a legalidade da forma de execução das greves dos professores que estão em curso nas escolas.

“O Ministério da Educação pediu parecer jurídico à PGR sobre a legalidade da forma de execução das greves dos professores em curso, convocadas pelo STOP e pelo SIPE”, precisa o Ministério tutelado por João Costa, numa resposta enviada à agência Lusa.

O Ministério da Educação avançou que, em simultâneo, solicitou também parecer ao Centro de Competências Jurídicas do Estado.

O Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP) iniciou em 09 de dezembro uma greve por tempo indeterminado, que deverá prolongar-se, pelo menos, até ao final do mês, e organiza uma marcha em Lisboa no sábado.

Também o Sindicato Independente dos Professores e Educadores (SIPE) convocou para a primeira semana de aulas do 2.º período uma greve parcial ao primeiro tempo letivo, que decidiu prolongar até fevereiro, sendo que entre 16 de janeiro e 08 de fevereiro realiza-se uma greve por distritos, convocada por oito estruturas sindicais, incluindo o SIPE e a Federação Nacional dos Professores (Fenprof).

Na terça-feira, a Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) defendeu que o Governo devia “com urgência decretar serviços mínimos” perante as greves dos professores e a sua duração.

A Confap manifestou também preocupação com o normal funcionamento das escolas e com a avaliação dos alunos face às paralisações dos professores, sem questionar a legitimidade das greves, mas pondo em causa as formas escolhidas pelos docentes, como seja a greve ao primeiro turno, entre outras.