O diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), António Vitorino enfatizou esta sexta-feira à Lusa o facto de o Brasil estar de volta à “esfera multilateral” e empenhado no debate das migrações.
O Brasil voltou à esfera multilateral e está empenhado em participar nas diversas instâncias internacionais que têm como objetivo que as migrações sejam regulares, ordeiras e seguras”, disse Vitorino, em entrevista à Lusa, em Brasília.
O responsável da OIM referia-se ao facto de o Brasil, com a entrada de Luiz Inácio Lula da Silva na presidência do país, em 1 de janeiro, ter voltado a integrar o Pacto Global para Migração Segura, Ordenada e Regular, que havia abandonado por decisão do anterior Governo de Jair Bolsonaro.
No final de uma visita oficial de quase uma semana à América do Sul, com paragens no Chile e Brasil, António Vitorino frisou que esta visita teve como foco principal os “refugiados e migrantes venezuelanos”.
A América Latina é uma área onde os fluxos migratórios estão em crescimento desde há vários anos e esta visita ao Chile e ao Brasil teve como objetivo encarar a situação na região”, afirmou.
Analisar a operação e como melhorá-la, em colaboração com o novo Governo brasileiro, foi uma das missões da deslocação.
No Brasil, a operação da OIM foi montada em 2018 para apoiar os migrantes venezuelanos, com tónica primária de oferecer “assistência humanitária imediata aos venezuelanos que chegam”.
Nestes últimos quatro anos passaram cerca de 800 mil venezuelanos. No estado de Roraima damos a primeira assistência a pessoas que chegam em condições muito vulneráveis e muito precárias”, frisou.
O registo dos migrantes, inspeções médicas e distribuição voluntária por vários municípios no país tem sido um dos importantes papéis que a Organização Internacional para as Migrações tem desempenhado para atender e apoiar os migrantes venezuelanos.
Cerca de 400 mil venezuelanos permaneceram no território, disse António Vitorino, lembrando que 2,5 milhões encontram-se na Colômbia, 1,7 milhões no Peru e 470 mil Chile.
António Vitorino enfatizou ainda para o facto do “crescente número de situações terríveis” que se tem verificado no longo processo migratório dos venezuelanos que ambicionam chegar até aos Estados Unidos da América.
Segundo a Plataforma de Coordenação Interagências das Nações Unidas para Refugiados e Migrantes da Venezuela (R4V) nos últimos anos mais de 7,13 milhões de venezuelanos abandonaram o seu país fugindo da crise política, económica e social.