Igor Julião e Sofyan Amrabat são donos de dois corpos nos quais a camisola justa que o patrocinador da Fiorentina forneceu assenta como a um segurança de discoteca. À partida, a integridade da equipa viola estava salvaguarda. André Horta ainda tentou fugir ao controlo dos garantes da ordem, mas Amrabat jurou fazer-lhe escolta nem que fosse até casa. O controlo sobre o Sp. Braga no jogo do playoff da Liga Conferência contra a Fiorentina foi por isso elevado e sem margem para desvios comportamentais dos minhotos que tanto foram limitados que sofreram quatro golos sem resposta. Assim, viram presas com um mata leão as hipóteses de seguirem para os oitavos de final da terceira prova mais importante da UEFA mesmo com a segunda mão por disputar.

Já antes, o Sp. Braga deixou a Liga Europa com alguma frustração. Os minhotos foram a única equipa da fase de grupos que fez 10 pontos e acabou eliminada num grupo D em que seguiram em frente St. Gilloise e Union Berlim. A queda não se deu com estrondo. O lote de equipas da Liga de Conferência podia até permitir aos guerreiros olharem com ambição para a competição. Ainda assim, calhou ao Sp. Braga um adversário de relevo no panorama internacional — mesmo que se encontre atualmente no 13.º lugar da Liga Italiana — e o treinador dos arsenalistas, Artur Jorge, não o escondeu: “Olhamos para a Fiorentina como uma das candidatas a vencer esta competição. Vão procurar fazer o que não tem conseguido fazer na Serie A. Estamos preparados para isso. Vamos seguramente igualar em termos de ambição”. Por vir de uma prova de nível superior, o Sp. Braga também mereceu reconhecimento por parte do técnico adversário, Vincenzo Italiano, que classificou os minhotos como “uma equipa temível”.

Artur Jorge mudou seis peças em relação ao onze que bateu o Marítimo por 2-1 no Estádio do Barreiros. Paulo Oliveira, Borja, André Castro, Pizzi e Álvaro Djaló caíram do onze titular e entraram Tormena, Sequeira, Al Musrati, Ricardo Horta e Abel Ruiz. Tendo em conta que a equipa entrou com uma atitude especulativa, o Sp. Braga, organizou-se em 4x4x2, mesmo que os nomes perfilados fizessem antever que André Horta atuasse como terceiro médio nas costas de Abel Ruiz, formando assim um 4x2x3x1 nos momentos de posse.

No entanto, a bola passou pouco tempo nos pés dos jogadores do Sp. Braga que a perdiam com facilidade devido a tentativas de jogo direto facilmente anuladas pelos italianos. O mais frequente até era os guerreiros procurarem sair de forma apoiada, mas as marcações individuais da Fiorentina impediam qualquer manifestação de risco dos jogadores responsáveis pela primeira fase de construção. Apesar de tudo, os minhotos resistiam a uma equipa viola que, com um futebol muito espontâneo em que Bonaventura e Nicolás Martínez, ambos sobre a direita do ataque, se destacaram como protagonistas principais.

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Para caminhos estreitos, são precisos meios de transporte alternativos. Jovic tentou forçar o caminho para o golo de bicicleta, mas o guarda-redes do Sp. Braga, Matheus, não deixou que a sua baliza se tornasse numa ciclovia. Os jogadores da equipa treinada por Vincenzo Italiano dominavam, embora os arsenalistas tenham concentrado em dois minutos oportunidades claras para tomarem a liderança do marcador. Niakaté tentou de cabeça e depois foi Abel Ruiz que, a meias com um corte de Igor Julião, enviou a bola ligeiramente ao lado da baliza defendida por Terracciano.

Os jogadores do Sp. Braga tiveram que se empenhar a fundo, tal a força para conterem o ímpeto italiano. Sequeira fora forçado a boas intervenções defensivas que resolveram o pânico. No primeiro de quatro minutos de compensação, Biraghi cruzou tenso e Jovic (45+1′) remeteu os esforços dos guerreiros à insignificância com o adiantar da Fiorentina no resultado.

Luka Jovic aproveitou a familiaridade com Portugal, onde representou o Benfica, para reunir o conforto que lhe permitiu ter o destaque que nunca teve enquanto esteve em solo luso. Continuou a sua exibição arrancando a expulsão a Tormena (55′). Uma entrada dura de sola sobre o avançado valeu o cartão vermelho ao defesa brasileiro do Sp. Braga. Perante os danos que causou, o sérvio caminhou pelos destroços já por ele criados e aumentou os danos. Com cruzamento de Saponara, Luka Jovic (60′) esperou ao segundo poste para, diante de uma baliza deserta, encostar com tranquilidade para mais um golo.

Do banco da equipa de Florença vieram ainda mais motivos de preocupação para o Sp. Braga. Arthur Cabral entrou para o lugar de Jovic e substituiu-o à altura, igualando o bis que o sérvio apontou nos 72 minutos que esteve em campo. No caso do brasileiro, de 18 minutos bastaram para fazer o mesmo (79′ e 90′). No primeiro golo de marcou, deu três toques sem deixar a bola cair e finalizou com potência. De seguida, já com o Sp. Braga descompensado à procura de golos sem pensar que teria um segundo jogo pela frente, Arthur Cabral desfez o muro minhoto e selou o 4-0, o pior resultado europeu de sempre do clube.