Passou mais de um ano desde que a Microsoft anunciou a intenção de comprar a Activision Blizzard, a empresa de videojogos responsável pelo jogo “Call of Duty”. Com investigações ao negócio em vários mercados, a empresa continua a trabalhar para tentar mostrar aos reguladores que a concorrência vai continuar a existir mesmo que fique com a gigante de jogos.
Esta terça-feira, Brad Smith, o presidente da Microsoft, marcou presença numa audição à porta fechada em Bruxelas, que contou com a presença de várias empresas do setor, para discutir a lista de objeções da Comissão Europeia sobre a aquisição. A seguir, ainda fez uma apresentação à imprensa, onde tentou reforçar que a aquisição de 69 mil milhões de dólares, a maior da história da Microsoft, pode ser benéfica para o mercado.
Smith não apresentou detalhes sobre a reunião, explicando que “não estava em posição para descrever exatamente o que foi dito”, mas transmitiu que os responsáveis da tecnológica foram até Bruxelas “mais do que preparados para arregaçar as mangas” e trabalhar no diálogo.
O presidente da Microsoft realçou que foi um dia “importante” para a tecnológica e também para a Activision. Ao início do dia, a empresa já tinha anunciado um acordo para manter o “Call of Duty” disponível durante uma década nos dispositivos da Nintendo; ao fim do dia, tirou da manga um acordo com a Nvidia. O acordo também tem um horizonte temporal de dez anos e, durante esse tempo, os jogos da Xbox (e os títulos da Activision, caso o negócio seja fechado) vão integrar o serviço de streaming de jogos da Nvidia, o GeForce Now, que tem 25 milhões de utilizadores.
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Nas declarações à imprensa, Smith explicou que o acordo com a Nvidia é relevante não só pelos utilizadores no serviço de streaming, mas também porque a companhia “alcança Chromebooks [equipamentos com o sistema operativo Chrome OS] e MacBooks.
Brad Smith defendeu que ambos os acordos são “significativos, já que respondem a uma série de questões que têm sido levantadas pelos reguladores, não só como temas de interesse mas, em alguns casos, de preocupação”.
O presidente da Microsoft mostrou-se mais “otimista” em relação a um desfecho da aquisição que seja favorável à tecnológica. A partir de Bruxelas, reconheceu que os 13 meses desde que a tecnológica anunciou a intenção de comprar a Activision têm sido atarefados, mas que ainda espera conseguir chegar a acordo com mais uma empresa: a Sony. “Ainda não chegámos a um acordo com a Sony, mas espero que isso aconteça. Ando por aí com um envelope que contém o acordo vinculativo que enviámos à Sony dois dias antes do Natal. Estou pronto para assiná-lo a qualquer momento.”
A Sony tem sido bastante crítica desta aquisição — Smith diz mesmo que tem sido “a principal opositora” — devido ao receio de que os títulos da Activision, principalmente o “Call of Duty”, se tornem um exclusivo da consola da Microsoft. Mas Smith disse que ainda há tempo para fazer alterações, caso a dona da PlayStation assim o deseje. “Se a Sony não gosta das palavras, estamos preparados para sentarmo-nos e sacar de uma caneta, ou de uma versão do Microsoft Word, e das ferramentas de copiar e colar”.
Na apresentação, Brad Smith recorreu a uma ideia que tem pautado toda a narrativa de argumentação da Microsoft neste negócio: a quota de mercado minoritária que tem. Acompanhado por um gráfico circular sobre o mercado de consolas na Europa em 2022, notou os 80% da PlayStation contra os 20% da Xbox. A nível global, refere que os números são ligeiramente diferentes, com “cerca de 70% para 30%”.
A Comissão Europeia vai emitir uma decisão final sobre o negócio até 11 de abril. Antes disso, a 1 de março, vão ser conhecidas as conclusões da CMA, o regulador da concorrência no mercado britânico. Esta entidade já revelou o sentido provável da decisão no início de fevereiro, referindo que acredita que os jogadores britânicos podem enfrentar “preços mais altos, menor escolha ou menos inovação” caso o negócio seja concluído.