Os vereadores da CDU e do Bloco de Esquerda (BE) da Câmara Municipal do Porto defenderam esta segunda-feira que a atual gestão do Coliseu do Porto se deve manter, evitando-se a concessão daquele equipamento cultural a privados.

Em declarações aos jornalistas, à margem da reunião privada do executivo, a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, afirmou que a “gestão do Coliseu deve continuar a ser feita nos atuais moldes“, isto é, pela Associação Amigos do Coliseu.

Sempre nos opusemos a uma concessão da gestão do Coliseu. Consideramos que a razão por que foi decidida a concessão não tem razão de ser e já o demonstrámos diversas vezes”, observou a vereadora, acrescentando que as obras naquele equipamento cultural poderiam ser suportadas pela câmara e pelo Ministério da Cultura, através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“O PRR podia servir para, no imediato, dar resposta aos problemas mais urgentes e, entretanto, ir estudando a questão de fundo até com apoio comunitário“, referiu Ilda Figueiredo, reforçando que o partido continua a não se rever na concessão do Coliseu a privados.

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Continuamos a defender que se reveja a posição e a defesa é que continue como tem sido até agora, gestão que inclui a associação, o Ministério e a câmara”, acrescentou.

Também aos jornalistas, o vereador do BE, Sérgio Aires, disse ter aproveitado a discussão em torno da isenção do pagamento de taxas à associação pelo encerramento da Rua Passos Manuel durante a iniciativa “Uma Semente pela paz”, para questionar o executivo liderado por Rui Moreira sobre a eventual concessão do equipamento cultural a privados.

Para já não sabemos nada sobre o modelo”, referiu o vereador, que na reunião instou o presidente da Câmara do Porto a convidar o diretor do Coliseu, o músico Miguel Guedes, a explicar à vereação “assim que puder e tiver uma ideia muito clara do que é a concessão e quais são as suas intenções relativamente à concessão”.

O BE sempre se opôs a esta ideia da concessão porque considerava que o Coliseu estava a funcionar muito bem”, acrescentou Sérgio Aires.

Em 15 de julho, a direção da Associação Amigos do Coliseu aprovou por unanimidade uma proposta, apresentada pelo então representante da Câmara do Porto, para concessionar o equipamento a privados. Em declarações aos jornalistas, Rui Moreira afirmou que concessionar o equipamento a entidades privadas era “voltar à intenção original”.

No mesmo dia, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, disse, em declarações enviadas à Lusa, que apoiava a concessão e que a opção era feita “sem nenhum preconceito” quanto ao modelo de gestão e financiamento da reabilitação.

O músico Miguel Guedes foi convidado pela Câmara Municipal do Porto a assumir o cargo de presidente da direção do Coliseu, espaço cultural que pretende “preservar” e “eternizar”, reforçando a sua ligação à cidade e às pessoas, disse numa entrevista à Lusa.

Miguel Guedes disse também ser preciso “olhar com todo o rigor, clareza e coragem” para o Coliseu que “precisa de obras urgentemente e ninguém pode desresponsabilizar-se dessa necessidade urgente”.