Michael Hepburn foi uma exceção, tudo o resto fez a regra. Após o contrarrelógio que abriu a edição de 2023 do Tirreno-Adriático, as duas etapas que se seguiram mais não foram do que um convite para os principais sprinters terem o seu dia de estrelato. Assim, e tirando o australiano da Jayco AlUla que perdeu 158 lugares na chegada a Follonica, todos os principais candidatos mantinham distâncias entre si com Filippo Ganna a ser líder antes da chegada da montanha sabendo que o máximo que poderia tentar era manter por mais um dia essa posição. Assim, estava tudo em aberto. E com João Almeida a procurar subir na classificação.

O contrarrelógio no Algarve foi mesmo exceção: João Almeida começa Tirreno-Adriático com novo top 10

O português foi tentando poupar forças nas duas últimas etapas ganhas por Fabio Jakobsen (Quick Step) e Jasper Philipsen (Alpecin), chegando no meio do pelotão como sexto da geral depois de fazer o sétimo tempo do contrarrelógio inicial muito próximo de nomes como o companheiro de equipa Brandon McNulty ou Thymen Arensman (Ineos). Agora, pelo próprio formato da tirada com subidas e descidas em circuito, a possibilidade de ganhar pelo menos um lugar era quase certa perante as dificuldades que Magnus Sheffield foi mostrando desde cedo (Ineos). Mas o português, sempre no grupo da frente e a fugir a uma queda com Wout van Aert (Jumbo) e Thomas Pidcock (Ineos) que pareceu não passar de um susto, tentava mais.

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Apesar de se ter mantido de forma discreta no meio do principal grupo e a fugir de qualquer problema, João Almeida foi começando a subir e a mostrar-se no último quilómetro da chegada a Tortoreto antes do ataque que marcou diferenças, que teve início em Hugh Carthy mas acabou com a vitória de Primoz Roglic, que até perdendo Wout van Aert e estando na prova de regresso (depois das desistências no Tour e na Vuelta na sequência de quedas feias) ganhou de forma inequívoca mostrando que quem sabe, nunca esquece. Já o português da UAE Team Emirates acabou a quarta etapa da oitava posição, subindo na classificação geral.

Olhando para a tirada, que deixou de ter Ganna como hipótese bem antes da chegada, Julian Alaphilippe (Quick Step) foi segundo, Adam Yates (UAE Team Emirates) passou em terceiro, Wilco Kelderman (Jumbo) chegou em quarto e Tao Geoghegan Hart (Ineos) acabou em quinto, seguindo-se Enric Mas (Movistar), Victor Lafay (Cofidis), Almeida, Aleksandr Vlasov (Bora) e Hugh Carthy (EF Education).

Na classificação geral, o primeiro triunfo de Roglic quase 200 dias depois da quarta etapa da Vuelta de 2022 não chegou para assumir a camisola azul da liderança, que passou de Ganna para Lennard Kämna (Bora). O alemão ficou com seis segundos de vantagem sobre o esloveno e oito de João Almeida, que saltou da sexta para a terceira posição e ficou também com a camisola branca de líder da juventude. Brandon McNulty ficou em quarto (13”) e Wilco Kelderman subiu a quinto (15”). Vlasov (17”), Jai Hindley (18”), Tao Geoghegan Hart (19”), Giulio Ciccone (26”) e Enric Mas (27”) fecham o novo top 10 do Tirreno-Adriático.