O Presidente da China foi esta sexta-feira reeleito, por unanimidade, para um terceiro mandato de cinco anos.

Xi Jinping, de 69 anos, tinha já obtido em outubro um prolongamento de cinco anos na chefia do Partido Comunista Chinês (PCC) e da comissão militar, os dois mais importantes cargos do poder no país.

O Presidente consolidou o poder depois de a Assembleia Popular Nacional (APN), órgão máximo legislativo da China, o nomear para um terceiro mandato, até 2028, sem precedentes entre os antecessores, no seguimento de uma emenda constitucional realizada em 2018 em que foi eliminado o limite de dois mandatos consecutivos de cinco anos para os chefes de Estado chineses.

O controlo do Presidente chinês sobre os três braços do poder — o Estado, o PCC e o exército — foi assim reforçado.

Na sessão plenária foram igualmente aprovadas as nomeações de Han Zheng (vice-presidente) e Zhao Leji (presidente do Comité Permanente da APN).

No final das votações, Xi, Han e Zhao procederam ao juramento da Constituição chinesa.

Xi Jinping prepara-se, assim, para tornar-se o líder com um mandato mais longo desde Mao Tse-tung, que governou durante 27 anos até à sua morte. No entanto, o Presidente chinês vai contra a recomendação do ex-líder chinês Deng Xiaoping de que a liderança deveria não ser superior a 10 anos.

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Vladimir Putin já congratulou homólogo chinês

O Presidente russo, Vladimir Putin, já deu os parabéns ao homólogo chinês, estando “confiante” que os dois líderes “vão trabalhar juntos” nos próximos anos. “Nós vamos assegurar o crescimento da frutuosa cooperação sino-russa em vários domínios.”

Citado pela agência de notícias TASS, Vladimir Putin também destacou a contribuição pessoal de Xi Jinping para “fortalecer as relações” entre a China e a Rússia.

Desde o início da invasão da Ucrânia, no ano passado, a Rússia tem procurado reforçar as relações com a China, quando os dois países atravessam um período de fortes tensões com os Estados Unidos.

Pequim não condenou, nem apoiou explicitamente a ofensiva russa na Ucrânia, apesar de ter pedido uma resolução para o conflito. Mas, um ano depois do início da operação russa em solo ucraniano, divulgou um documento de 12 pontos, no qual pede a Moscovo e a Kiev para realizarem conversações de paz.

O plano, divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, também pedia o fim das sanções ocidentais impostas à Rússia, medidas para garantir a segurança das instalações nucleares, o estabelecimento de corredores humanitários para a retirada de civis e ações para garantir a exportação de grãos, depois de interrupções no fornecimento terem causado o aumento dos preços a nível mundial.

O primeiro ponto destacou a importância de “respeitar a soberania de todos os países”, numa referência à Ucrânia. “O Direito internacional, universalmente reconhecido, incluindo os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas, deve ser rigorosamente observado”, de acordo com a proposta difundida pela diplomacia chinesa.

Apesar de a China procurar impor-se como mediador neste conflito, a posição de aliada da Rússia desqualifica estes esforços na perspetiva dos ocidentais, que apoiam a Ucrânia.

Acusada recentemente pelos Estados Unidos de planear fornecer armas à Rússia, a China desmentiu firmemente as alegações, apelando regularmente aos europeus para terem em conta os receios russos em relação à NATO, e considerou a parceria com Moscovo fundamental para contrapor a ordem democrática liberal, liderada pelos Estados Unidos.

A China afirmou ser neutra no conflito, mas mantém uma relação “sem limites” com a Rússia e recusou-se a criticar a invasão da Ucrânia. Pequim acusou o Ocidente de provocar o conflito e “alimentar as chamas” ao fornecer à Ucrânia armas defensivas.

Xi Jinping tinha expressado anteriormente “questões e preocupações” sobre o conflito, durante um encontro com Putin, e opôs-se abertamente ao uso e ameaça nuclear, depois de o homólogo russo ter sugerido o uso de armas atómicas na Ucrânia.