O Credit Suisse anunciou na madrugada desta quinta-feira que irá receber um empréstimo de até 50 mil milhões de francos suíços (50,7 mil milhões de euros) do banco central da Suíça para “fortalecer” as contas da instituição. E as ações dispararam na abertura da bolsa.

Ao mesmo tempo, o segundo maior banco suíço anunciou uma série de operações de recompra de dívida no valor de cerca de 3 mil milhões de francos suíços (3,04 mil milhões de euros).

“Estas medidas são um movimento decisivo para fortalecer o Credit Suisse enquanto continuamos a nossa transformação estratégica para criar valor para os nossos clientes e outras partes interessadas”, disse o presidente executivo do banco, Ulrich Koerner, num comunicado.

O empréstimo de curto prazo surgiu horas depois de, num comunicado conjunto, o Banco Nacional da Suíça (BNS) e o regulador financeiro da Suíça (Finma) terem assegurado que iriam fornecer liquidez ao Credit Suisse, se necessário, perante o pior momento em 167 anos de história do banco.

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O Credit Suisse viveu na quarta-feira o seu dia mais negro na bolsa, perdendo um quarto do seu valor, com as suas ações a caírem para um nível historicamente baixo, abaixo de 2 francos suíços (2,03 euros). Os títulos do banco reagiram em forte alta na abertura da sessão desta quinta-feira, depois das notícias sobre o empréstimo do banco central da Suíça. Na abertura, as ações do Credit Suisse subiam 32,59% para 2,25 francos suíços (2,29 euros).

O banco perdeu cerca de 30% do seu valor na bolsa de Zurique desde meados da semana passada, numa altura em que a sua própria crise interna, que remonta a 2019, se entrelaçou com a mais generalizada que a banca global está a atravessar, desencadeada pelo colapso do Silicon Valley Bank nos EUA.

Para o SNB e o Finma, “a atual turbulência no mercado bancário norte-americano não sugere que haja risco de contágio direto para os estabelecimentos suíços”.

Banco Nacional da Suíça assegura que garantirá liquidez ao Credit Suisse se for necessário

A preocupação ultrapassa as fronteiras do país alpino e o Departamento do Tesouro norte-americano referiu que está a “monitorizar a situação e em contacto com os seus homólogos internacionais”.

Em França, a primeira-ministra Elisabeth Borne apelou publicamente às autoridades suíças para resolver os problemas do banco e pediu ao ministro das Finanças para falar com o homólogo em Berna.

O banco tem vindo a registar perdas milionárias durante dois anos: em 2021 ascenderam a 1,57 mil milhões de francos suíços (1,6 mil milhões de euros) e em 2022 quase quintuplicaram para 7,29 mil milhões de francos (7,4 mil milhões de euros).

O Credit Suisse também sofreu levantamentos de liquidez no valor de 123,2 mil milhões de francos suíços (126 mil milhões de euros) no ano passado.

A principal estratégia que o banco lançou para tentar pôr fim à sua crise é o plano de reestruturação lançado em outubro, que incluiu um aumento de capital de quatro mil milhões de francos (4,09 mil milhões de euros).

O aumento de capital viu o Banco Nacional Saudita tornar-se o maior acionista da empresa, depois de investir 1,5 mil milhões de francos suíços (1,53 mil milhões de euros).

O presidente do banco saudita, Ammar al Khudairy, disse na quarta-feira numa entrevista que a instituição não iria aumentar este investimento, o que contribuiu para que o Credit Suisse caísse ainda mais na bolsa de valores.

(Atualizada com mais informação às 8h30)