Chegou mais tarde à Arábia Saudita e pensava-se que ia ter a honra de arrancar o Grande Prémio na pole. Apesar do atraso na chegada ao país do Médio Oriente, devido a problemas de estômago, o campeão do mundo Max Verstappen estava a voar para garantir o primeiro lugar da grelha na corrida deste domingo. A pista de Jeddah, com retas longas e predomínio das curvas rápidas (com três zonas de DRS), vai ao encontro das características da Red Bull e esperava-se um bom desempenho da equipa. Na temporada passada, Max Verstappen ganhou o Grande Prémio, mas qualificou-se apenas em quarto, tendo a pole ficado para Sergio Pérez. O neerlandês, ao tentar melhorar, só conseguiu fazer pior, pois devido a um problema mecânico ficou afastado na Q2 e viu Checo ser feliz. Os dados estão lançados para que a rivalidade entre os dois continue.

Além das narrativas que já estão criadas como a rivalidade entre os dois Red Bull, com o material de análise limitado a apenas ao Grande Prémio do Bahrain, a Fórmula 1 já começa a tirar algumas conclusões. A Mercedes vive ferida pelo que os rivais estão a conseguir mostrar. A falta de competitividade do carro, pelo menos comparado com o que Red Bull, Ferrari e Aston Martin têm apresentado, abriu portas à discussão para a possível saída de Lewis Hamilton, desejoso por se tornar no piloto com mais títulos de sempre, mas afastado das condições para o fazer. A saída da Mercedes até começa a estar em cima da mesa e está claro que o britânico e a equipa não estão em sintonia.

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Lewis Hamilton acusou a equipa, num tom de ‘eu avisei’, que a Mercedes não tinha dado ouvidos aos seus conselhos sobre o carro. “No ano passado, disse-lhes algumas coisas. Disse quais os problemas que o carro tinha. Já conduzi muitos carros na minha vida. Sei o que um carro precisa. Sei do que um carro não precisa. Acho que é realmente uma questão de responsabilidade”. Para que ficasse claro, afirmou ainda que o Mercedes “não é o carro certo”. Mais tarde, retratou-se. “Não foi a melhor escolha de palavras, mas é claro que há momentos em que não concordas com certos membros da equipa. O importante é que continuemos a comunicar, continuemos unidos. Ainda acredito a 100% nesta equipa”. 

Toto Wolff prometeu um carro com um rendimento diferente daqui a cinco, sete corridas. Ao mesmo tempo, o diretor da Mercedes admitiu que não vai cortar as asas ao seu piloto. “Como piloto, se ele quiser ganhar outro campeonato precisa ter certeza que tem carro. Se não demonstrarmos que lhe podemos dar o carro nos próximos anos, ele precisa de procurar outro sítio. Não acho que ele esteja nessa fase, mas não me queixaria se isso acontecesse dentro de um ano ou dois”.

Ainda dentro dos britânicos, perante a desilusão que se espera que seja a temporada da McLaren, Lando Norris vê o carro, ao longo dos anos, a ter uma evolução regressiva. Mesmo assim, a saída não está em equação. Lando Norris classificou os rumores que o indicavam com “completamente falsos”. Melhor sorte tem tido Fernando Alonso que continua a mostrar nos treinos livres que veio para continuar a dificultar a vida à Red Bull.

Na sexta-feira, a Ferrari ficou apenas com o nono e o décimo melhor tempo. A mensagem da scuderia era de que estavam a guardar forças para o momento que realmente importava. “Acho que não estamos assim tão mal, honestamente, a sensação é muito boa”, comentou Charles Leclerc em relação aos treinos livres um e dois. Com a estratégia da Ferrari “um pouco no armário”, o monegasco acredita que “a Red Bull também tem algo escondido”.

Leclerc tem algum trabalho para fazer na corrida de domingo. A qualificação serviria para minimizar os danos que a penalização de dez lugares na corrida de domingo vai ter na prestação do piloto. O francês trocou a unidade motriz do carro pela terceira vez, quando o limite por temporada são duas, mesmo que o calendário ainda só vá no segundo Grande Prémio. O piloto foi obrigado a abandonar no Bahrain precisamente devido a problemas no sistema elétrico.

Apesar do suposto bluff da Ferrari as indicações não eram as melhores ao contrário da Red Bull que liderou os treinos livres. Max Verstappen (1:28.485) registou a melhor volta antes da qualificação, seguido de Sergio Perez. Nos treinos livres 3, a novidade foi a melhoria dos Aston Martin com Fernando Alonso e Lance Stroll a ficarem com o terceiro e quarto melhor tempo. A Ferrari só aparecia no sexto (Leclerc) e no décimo lugar (Sainz).

O neerlandês não perdeu tempo (expressão sempre adequada nestas circunstâncias) e dominou a Q1 com um tempo de 1:28.761. Valtteri Bottas foi o primeiro piloto acima da eliminação. Nyck De Vries, dos primeiros a sair para a pista, fez um peão e outros seguiram o exemplo. Alonso teve o mesmo contratempo, mas ainda conseguiu o terceiro melhor tempo. Pior sorte teve Norris que tocou com a roda esquerda no muro e não conseguiu continuar a qualificação. Antes de se despistar, Sargeant fez uma boa primeira volta, mas excedeu os limites da pista e a marca foi invalidada. Tsunoda, Albon, De Vries, Norris e Sargeant não seguiram para a Q2.

Tudo caiu por terra quando Max Verstappen teve que abandonar a Q2 devido a um problema mecânico. Assumiu a liderança o outro Red Bull. Sergio Pérez (1:29.244) realizou o melhor tempo. Assim, Hulkenberg, Zhou, Magnussen, Bottas e Verstappen foram os eliminados. Destaque para a presença de Oscar Piastri na Q3, acompanhado por Pérez, Alonso, Leclerc, Sainz, Stroll, Russell, Ocon, Hamilton e Gasly.

A Q3 trouxe a definição de quem ia arrancar na frente para as 50 voltas do Grande Prémio de amanhã. Sergio Pérez (1:28.265) conseguiu segurar a liderança e garantiu a segunda pole da carreira, sendo que também a primeira foi conseguida na Arábia Saudita no ano passado. Fernando Alonso ficou com o terceiro lugar e Leclerc com o segundo, o que significa que vai arrancar no 12.º posto devido à penalização e é o espanhol a ocupar a primeira linha da grelha. Verstappen arranca em 15.º.