O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) acusou a TAP de lucrar quase 66 milhões de euros em 2022 à custa dos cortes salariais dos trabalhadores, e de financiar a viabilidade da companhia aérea à custa dos funcionários.
Reagindo à apresentação desta terça-feira dos resultados da TAP, que mostram um regresso aos resultados positivos antes do previsto no plano de reestruturação, depois de prejuízos de 1.600 milhões em 2021, o sindicato diz que, no entanto, vai dar “um voto de confiança” à nova Administração Executiva da TAP, que em breve vai tomar posse.
“O parco resultado da TAP no ano passado foi conseguido sim, e apenas, à custa dos cortes salariais dos trabalhadores, tendo para isso contribuído substancialmente os pilotos, com um corte salarial de 45% no ano de 2022. Destacamos, pois, que estes débeis resultados nem sequer cobrem o valor do que seria retribuição anual, sem cortes, dos pilotos!”, denúncia o SPAC em comunicado.
O SPAC diz ainda que as contas da companhia aérea, divulgadas esta terça-feira, provam assim que “foram e continuam a ser os trabalhadores, e em particular os pilotos, a financiar a viabilidade da empresa, na sua dupla qualidade” de contribuintes e funcionários com os salários cortados.
“Concluímos, como temos vindo a alertar há bastante tempo, que o Plano de Reestruturação da TAP apenas prevê, como medida estrutural, os cortes salariais e a degradação das condições de trabalho, sem localizar, eliminar ou mitigar o que de facto impacta a sustentabilidade da empresa”, frisa.
O sindicato diz ainda que espera poder unir esforços entre administração e trabalhadores, com a nova administração executivo, “de forma a que quem está na linha da frente possa ser ouvido e contribua diretamente na verdadeira reconstrução da empresa”, de que todos querem fazer parte. “Uma TAP de futuro e com futuro”, conclui o no comunicado.
A acusação do SPAC sobre a forma como a TAP conseguiu lucros no ano passado, à custa de cortes salariais, também foi expressa esta terça-feira pelo Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava), que denunciou terem sido obtidos “à custa do sacrifício dos trabalhadores sem olhar a meios”.
A TAP encerrou 2022 com um lucro líquido de 65,6 milhões de euros, mais 1.664,7 milhões de euros do que no ano anterior, informou a transportadora aérea, em comunicado.
O plano de reestruturação da TAP, aprovado pela Comissão Europeia no final de 2021, previa que a companhia começasse a registar lucro em 2025 e obtivesse um resultado operacional positivo em 2023, algo que a empresa atingiu no primeiro semestre de 2022.