O Governo vai reforçar os recursos humanos da rede consular na Austrália, para responder aos problemas que os portugueses naquele país enfrentam, devido às grandes distâncias do país, anunciou o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.

Há aqui problemas relacionados com a própria distância. A Austrália é um país continente e a dispersão aqui é algo para que o Governo português tem de olhar, adotando certas, nomeadamente com a rede consular”, disse Paulo Cafôfo em entrevista telefónica à Lusa a partir de Díli.

“A primeira medida é podermos reforçar com recursos humanos a rede consular. Já foi dada autorização para os concursos poderem abrir. Estaremos a abrir um reforço que pode possibilitar que o consulado geral em Sydney possa ter mais um funcionário em Perth, esta que é região mais afastada possa ter um funcionário que pratica atos consulares de forma direta”, anunciou.

O reforço do funcionário em Sydney permitirá, explicou, que a cidade de Melbourne possa ter “um maior número de presenças consulares”, criando vantagens em toda a rede consular, que inclui uma secção consular em Camberra e cônsules honorários em várias cidades.

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Com este ajuste estamos a permitir que os serviços do Estado possam ser mais eficientes e com certeza prestar maior apoio a um maior número de pessoas”, vincou.

Durante a visita a Sydney, funcionários consulares entregaram a Cafôfo um manifesto a reivindicarem a concretização de medidas e aumentos como em Portugal, onde manifestavam o seu “grande desagrado” pela “não publicação do novo mecanismo que consagra as perdas cambiais, já negociado pelo Governo PS”.

Questionado sobre essa queixa, Cafôfo enalteceu o trabalho e brio profissional dos funcionários, e o esforço de ligação às comunidades, explicando que o executivo está em fase de negociações para revisão das tabelas salariais, que datam de 2013.

Nunca se tinha feito uma revisão, que iniciámos. Fizemos uma proposta, estamos em fase de negociação com o sindicato, ainda sem resultado, mas há da parte do Governo total empenho para que estas negociações possam chegar a bom porto, valorizando a sua carreira, o trabalho que realizam. Este é um objetivo com que o Ministério dos Negócios Estrangeiros está comprometido”, assegurou.

Cafôfo anunciou igualmente novas medidas para reforçar o ensino da língua portuguesa na Austrália, perante a “grande procura”, com um “alargar da digitalização do ensino do português”, sendo para isso disponibilizadas ‘tablets’ “com plataformas pedagógicas com conteúdos pedagógicos e didáticos que serão utilizados por estes alunos no sentido de motivar a aprendizagem utilizando as novas tecnologias”.

Paulo Cafôfo falava à Lusa a partir de Perth, onde se encontra na reta final de visita às comunidades portuguesas na Austrália, e depois de ter passado já por Sydney e Melbourne, e antes de se deslocar a Timor-Leste.

A comunidade portuguesa na Austrália conta com cerca de 40 mil nacionais com inscrição consular, aos quais acrescem os lusodescendentes, segundo dados oficiais.

Cafôfo disse que os contactos que manteve desde a sua chegada à Austrália, a 17 de março, mostraram uma comunidade que valoriza muito a presença de um representante do Governo, especialmente para um país onde a frequência de visitas é baixa.

As pessoas valorizam muito a minha presença cá naquele que é o roteiro ‘Portugal no Mundo: Caminhos para a Valorização das Comunidades Portuguesas’, porque a distância leva a que por vezes esta comunidade não tenha uma frequência de visitas por parte de entidades não apenas do Governo, mas mesmo entidades regionais ou autárquicas”, disse.

“Aquilo que tenho constatado é de que a distância não esbateu a ligação com Portugal“, notou.

O secretário de Estado referiu-se ainda ao que disse ser alguns problemas com o movimento associativo português na Austrália, com “falta de lideranças em algumas associações”, notando que o Estado tem disponíveis apoios para criar um novo dinamismo.

Explicando que procurou motivar as associações, apelando a novas estratégias de agregação e mobilização, Cafôfo disse que o Governo vai publicar “uma nova lei de apoio ao associativismo” que pode ajudar esses esforços.

Nesse quadro, disse, as associações também se devem adaptar à evolução, procurando introduzir outras atividades que ajudem, por exemplo a atrair as gerações mais jovens, como as que já nasceram na Austrália, ou os imigrantes mais recentes, predominantemente mão de obra qualificada.

Grupos, disse, que “têm outros interesses” e a cujas necessidades o movimento associativo tradicional não está a responder, pelo que se deve aproveitar o património construído ao longo de décadas e procurar novas iniciativas.

Podem abrir-se e realizar outros tipos de iniciativas complementares, e para isso temos disponibilidade para apoiar financeiramente essas atividades e podem juntar-se, organizar eventos em conjunto que possam dar outra visibilidade”, referiu.

Cafôfo estará na cidade de Perth até ao fim de semana, sendo esperado em Díli na segunda-feira.