A administração da agência de notícias Lusa apresentou hoje uma contraproposta de aumentos salariais de 74 euros em 2023, com as estruturas sindicais a defenderem que o valor continua aquém do reivindicado.

A nova proposta surge depois de os trabalhadores da Lusa terem convocado, no dia 15, uma greve de quatro dias, de 30 de março a 2 de abril, após terem rejeitado a proposta inicial da administração, de 35 euros.

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Segundo uma nota do Presidente do Conselho de Administração (PCA), Joaquim Carreira, o aumento salarial agora proposto é de 74 euros com retroativos a janeiro, que se reflete nos complementos remuneratórios variáveis, e a proposta inclui também um “aumento de 5,1% no complemento de natureza retributiva”.

Está ainda prevista a atribuição de um subsídio parental de 100 euros e subida das ajudas de custo internacionais a aplicar a partir de abril, bem como a negociação do Acordo de Empresa (AE) “em várias dimensões”, segundo a nota do PCA.

De acordo com a administração, “esta nova proposta representa aumentos entre 7%, para remunerações mais baixas, e 2%, para as remunerações mais altas, sendo que a maioria dos trabalhadores (72%), têm aumentos entre 4 e 7%”.

A nova proposta foi apresentada “após reuniões com as tutelas para autorização do aumento da massa salarial global em 2023, por via das orientações para o setor empresarial do Estado, considerando o equilíbrio das contas e o enquadramento contratual atual”, refere a administração da Lusa.

Os sindicatos representativos dos trabalhadores da agência Lusa afirmam, em comunicado, que a “luta dos trabalhadores fez aumentar proposta da administração” mas sublinham que o valor “continua aquém do reivindicado”.

“Afinal, foi possível à administração da Lusa apresentar uma proposta com valores mais próximos dos reivindicados pelos trabalhadores. Isto depois da intransigência inicial que obrigou os representantes dos trabalhadores a saírem da mesa negocial para fazerem as reivindicações junto do parlamento, Governo e Presidência da República”, indicam as três estruturas sindicais.

Para os sindicatos dos Jornalistas (SJ), dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (SITE CSRA) e dos Trabalhadores do Setor de Serviços (SITESE), a nova proposta só foi possível “graças à luta das últimas semanas mas, sobretudo, à disponibilidade dos trabalhadores para perderem remuneração em quatro dias de greve“.

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“Contudo, apesar do avanço, ainda faltam 46 euros para os 120 euros exigidos pelos trabalhadores em plenário”, acrescentam as estruturas sindicais.

Segundo afirmam, há mais de uma década que não há aumentos reais na Lusa, pelo que exigem 10 euros por cada ano sem aumentos, numa altura em que o custo de vida aumenta.

Os sindicatos referem que a administração defende que a proposta cumpre os 5,1% de aumento da massa salarial no Setor Empresarial do Estado definido inicialmente pelo Governo, mas destacam que “esse valor já foi revisto pelo Governo para 6,3%, na sexta-feira, pelo que também tem de ser aplicado à Lusa”.

Os sindicatos pediram uma nova reunião ao PCA, que está marcada para terça-feira, para apresentarem uma contraproposta e entendem que tanto a administração como o Governo “têm condições para ir mais longe”.