Lisboa não vai ser francesa, ou parisiense, na forma como vê a mobilidade suave. A câmara de Lisboa, liderada por Carlos Moedas, garantiu fonte do executivo ao Observador, não pretende avançar para a proibição das trotinetes, como fez Paris. Para o executivo Moedas a prioridade é fazer cumprir o acordo assinado em janeiro com as operadoras que limitou a velocidade, impôs zonas de estacionamento obrigatório e criou limites máximos de veículos a cada empresa. Será assim até que haja um novo regulamento para a mobilidade suave.

Questionada pelo Observador, fonte oficial da CML explica que — ao invés de avançar para uma solução mais drástica, como a de Paris — “o caminho foi o de reunir com as empresas de trotinetes que operam na cidade, dialogar com elas e estabelecer um acordo de colaboração entre as partes.” O objetivo, destaca a mesma fonte, passa por “contribuir de forma decisiva para a diminuição de situações abusivas associadas à utilização destes veículos, promovendo a utilização responsável e adequada do espaço público e a segurança dos peões.”

Relativamente ao sucesso das medidas do acordo — redução e limitação de velocidade, redução e limitação do número trotinetes por operador e lugares de estacionamento obrigatórios — o Executivo de Carlos Moedas garante que “a maioria está já concretizada e operacional“. Há atrasos, sabe o Observador, relacionados com a criação de locais de estacionamento para trotinetes — que têm dois obstáculos: o facto de roubarem espaço ao estacionamento automóvel (de que ninguém quer abdicar) e a negociação que envolve com as juntas de freguesia.

Os operadores tinham 60 dias para se adaptarem às novas regras, período esse que foi concluído há menos de um mês. O acordo acaba por ser provisório, uma vez que as regras são válidas até à entrada em vigor do Regulamento de Mobilidade Suave Partilhada, esse, sim, que vai estabelecer regras de forma mais estruturada e permanente. A autarquia diz, sobre esse processo que ao mesmo tempo que desenvolveu este acordo “prosseguem os trabalhos” para o regulamento.

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O que diz o acordo assinado em janeiro

O acordo que foi assinado em janeiro para tentar contrariar a “anarquia das trotinetes” envolveu cinco operadoras. As medidas — que limitaram, em parte, esta atividade — estabeleceram, desde logo, que as trotinetes teriam de ter pontos de estacionamento próprios obrigatórios, o que força o utilizador a deixá-las messas zonas e não num qualquer passeio.

O acordo estabeleceu ainda que passa a existir um limite de 20 quilómetros por hora. Carlos Moedas lamentou na altura que o limite não tivesse ficado mais abaixo. Se a velocidade foi limitada, o mesmo acontece com o número de trotinetes em circulação: cada operador só poderá ter 1500 veículos em uso, que podem ser aumentados para 1750 na primavera e no verão, quando há mais turismo e o clima é mais propício ao uso deste tipo de transporte.

Carlos Moedas exortou ainda o Governo, na altura, a passar o licenciamento de trotinetes para a responsabilidade das autarquias, algo que não acontece atualmente. A campanha de Moedas chegou a incluir um vídeo no tik tok, em que lamentava passar o dia a arrumar trotinetes.

@carlosmoedas

Agora já tenho ajuda a arrumar trotinetas. Acordo de Colaboração com os Operadores de Mobilidade Suave Partilhada assinado ✅ #trotinetas #lisboa #mobilidade #cmlisboa #lisboaportugal

♬ som original – Carlos Moedas

No domingo, a esmagadora maioria dos parisienses votaram pelo fim das trotinetes em referendo, algo que a autarquia lisboeta afasta neste momento. A 1 de setembro deixam de existir trotinetes partilhadas em Paris, em Lisboa vão continuar.