Décimo quinto, 15.º, 15.º. Ao contrário do que aconteceu no Autódromo Internacional de Portimão, quando conseguiu superar um dia de treinos livres muito discreto para saltar para a quarta posição da grelha, Miguel Oliveira manteve exatamente a mesma posição na Q1 para o Grande Prémio das Américas, voltando a ter o problema que tantas vezes lamentou na última temporada – sair demasiado atrás para lutar depois por um lugar no top 5 ou mesmo no pódio. No entanto, e contas feitas, o regresso do português às pistas depois de ter sido abalroado no Algarve por Marc Márquez quando já tinha liderado e estava na segunda posição acabou por ser melhor do que a qualificação indicava e o primeiro resultado foi quase igual ao do arranque.

O rodeo não começou mal: Miguel Oliveira vai de 15.º a 8.º na corrida sprint de Austin e soma os primeiros pontos do fim de semana

Após aquele erro na curva 11 que fez com que descesse de terceiro para sétimo na corrida sprint em Portugal, o Falcão conseguiu ganhar várias posições em Austin e terminou na oitava posição, somando ainda mais dois pontos para um Mundial que não começou da melhor forma. Com a LCR Honda de Álex Rins e a Aprilia de Aleix Espargaró a conseguirem colocar-se entre as Ducati entre nova vitória do campeão Pecco Bagnaia, Miguel Oliveira terminou entre as KTM de Brad Binder e Jack Miller superando por exemplo Maverick Viñales, o outro piloto da equipa de fábrica da Aprilia que tinha estado melhor nos treinos livres.

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O “potencial” pode estar lá mas ainda não apareceu: Miguel Oliveira sai de 15.º no Grande Prémio das Américas

“Não foi ideal começar em 15.º mas conseguimos minimizar a situação e recuperámos alguns lugares. Fizemos o que queríamos – pontuar na corrida sprint, que é o mais complicado a conseguir. Este resultado significaria mais pontos amanhã [domingo], mas de momento temos de trabalhar um pouco mais na moto, visto que não me sinto completamente confortável. Não fui capaz de ter aquela aderência extra no início, com pneus novos, mas consegui mesmo assim ultrapassar alguns pilotos. Vou começar novamente de 15.º e tenho muito trabalho para fazer”, comentou o piloto português após a oitava posição de sábado.

A volta canhão ficou no primeiro setor e haverá uma paragem na Q1: Miguel Oliveira termina treinos livres em 15.º lugar entre duas quedas

Era esse o principal desafio do português no Texas este domingo numa corrida que teria o dobro das voltas da sprint de sábado: afinar os aspetos que não correram tão bem na moto e multiplicar com isso as hipóteses de ir subindo mais lugares na classificação sendo um piloto mais talhado para corridas maiores. Para isso, e de forma inevitável o arranque seria determinante para colocar-se numa posição melhor para ir ganhando aos poucos mais tempo aos adversários diretos neste Grande Prémio das Américas, que marcava o 200.º Grande Prémio da carreira. “O meu pai disse-me que ia cumprir essa marca na Argentina e eu só respondi ‘200? É impossível, não sou assim tão velho… Prefiro vitórias e pódios mas 200 Grande Prémios também é bom. Chegar aqui é difícil, manter-me aqui é ainda mais difícil”, referiu numa cerimónia da RNF.

“Considerando que esta era a sua corrida de regresso após lesão, acho que foi um resultado muito bom. Estamos felizes mas o Miguel, como tem expectativas altas, não ficou satisfeito… Mas nós estamos felizes, pois era importante estar bem fisicamente. Hoje é outra corrida, sabemos que pode fazer melhor. Mudámos algumas coisas na moto, ficamos felizes com o warm up. Será uma boa corrida. A estratégia será a mesma: chegar à frente o mais rápido possível. É duro ao sair de 15.º, mas é esse o plano”, comentou ainda na antecâmara do arranque o chefe de equipa da CryptoDATA RNF, Razlan Razali, em declarações à SportTV.

Pecco Bagnaia conseguiu segurar a liderança da prova, Álex Rins colou na roda do transalpino mas era um pouco atrás que se iam somando as quedas que iriam fazer a diferença na prova, primeiro num acidente entre Álex Márquez e Jorge Martín e depois uma saída de pista de Aleix Espargaró. Com tudo isso, e depois de um bom arranque, Miguel Oliveira já tinha voado até à oitava posição em dois minutos, sendo que Jack Miller estava em terceiro, Fabio Quartararo em quarto, a dupla Luca Marini e Marco Bezzecchi muito próximos e Johann Zarco no sétimo lugar. A posição do português era bom, os tempos não permitiam uma grande aproximação aos lugares da frente, sobretudo aos dois primeiros onde Bagnaia e Rins se destacavam.

Miguel Oliveira teria mais uma corrida com muita estratégia à mistura, no sentido de perceber aquele que poderia ser o melhor ritmo para não desgastar em demasia os pneus e evitar andar para trás como se viu no ano passado com alguns corredores. Por breves momentos no início da quarta volta o português ainda esteve à frente de Zarco mas o francês voltou a recuperar a sétima posição. Um pouco depois, Maverick Viñales conseguiu materializar o bom andamento chegando à oitava posição por troca com o número 88, com os três pilotos colados na luta pelo sétimo posto que era o duelo mais interessante nessa fase da corrida. Contudo, esta seria mesmo uma prova de fiabilidade e de paciência, aquilo que faltou a Jack Miller quando estava de forma confortável na terceira posição e a Pecco Bagnaia, que caiu também estando na liderança.

Tudo mudava: Álex Rins assumia o primeiro lugar, Fabio Quartararo estava em segundo, Luca Marini em terceiro e Marco Bezzecchi, mesmo fora do pódio, reforçava a posição na liderança do Mundial. Já Miguel Oliveira era sétimo, lutando com Zarco e Viñales pelo top 5 quando os três na frente ganhavam um avanço de dois segundos e meio. A meio da prova, o francês quebrou e, além de ser ultrapassado pelo português, foi também passado por Brad Binder antes de uma saída longa numa curva e uma queda que o retirou também das contas (e deixava Oliveira bem mais à vontade para perceber como superar Viñales). Os pilotos iam caindo cada vez mais, com Nakagami a ser a desistência seguinte após perder a frente da sua moto.

A importância da melhor gestão possível da corrida era visível em vários despiques que se iam abrindo, com Luca Marini a ultrapassar um Quartararo que rodava bem mais lento do que a Ducati já e Bezzecchi, a não querer arriscar, superado por Maverick Viñales tendo a partir daí Miguel Oliveira na sua roda. Menos de uma volta depois, o português já estava em quinto. A partir daqui, tudo o que viesse seria bom, que é como quem diz se desse para ultrapassar Viñales era a corrida perfeita tendo em conta o fosso para o trio do pódio. Aí, estava mais complicado, com a Aprilia de fábrica a dar uma boa resposta que ia permitindo segurar o avanço. Foi mesmo assim que terminou a corrida, com Álex Rins a ganhar à vontade, Luca Marini a não chegar a tempo de incomodar o espanhol da LCR Honda, Quartararo a fechar o pódio e Miguel Oliveira em quinto.

Na classificação geral do Mundial, e após três corridas realizadas, Marco Bezzecchi conseguiu reforçar a sua liderança com 64 pontos, mais 11 do que Pecco Bagnaia e mais 17 do que Álex Rins, que com o triunfo subiu à terceira posição. Maverick Viñales (45) e Johann Zarco (44) fecham o top 5 de uma classificação que tem agora Miguel Oliveira no 14.º lugar com 16 pontos conseguidos até agora (mas falhou a Argentina).