A Porto Design Biennale, que se realiza no Porto e em Matosinhos, regressa a partir de 19 de outubro deste ano e até ao dia 3 de dezembro, com o tema “Ser Água — Como fluímos e nos moldamos coletivamente“. O designer e professor Fernando Brízio é o curador principal da terceira edição do evento, sendo que este ano o país convidado é Espanha.

“A água é aqui entendida não apenas como um recurso, mas também como uma fonte de vida, algo vital, que está em todo o lado”, explicou Fernando Brízio durante a conferência de imprensa que se realizou esta quarta-feira na Esad-Idea, em Matosinhos. O curador sublinha que as previsões apontam para que “em 2030 haja um défice de 40% de água em relação à procura” e destaca que a Porto Design Biennale propõe uma “plataforma-laboratório transdisciplinar, de observação, pensamento, criatividade e aprendizagem”.

A água está em todo o lado, molda tudo, é vital e sem ela a vida não seria possível. Pode assumir muitas formas, manifestando-as em simultâneo. É uma poderosa lente através do qual pensamos o mundo e a adaptabilidade do design às rápidas e incessantes transformações que se têm vindo a operar na ‘realidade’, onde o mundo que conhecemos está a desintegrar-se e ainda não sabemos como vai ser o próximo”, lê-se no dossiê de imprensa entregue aos jornalistas.

O trabalho produzido nesta bienal terá um programa com exposições, conferências, conversas, publicações e workshops e está dividido em seis propostas ou subtemas: “Bestas Prometeicas: Formas do humano”; “Realidade Mágica: Viver com o Des/conhecido”; “Corpos de água: Onde a água se torna comum, matéria vegetal, carne, mineral”; “Paisagens dinâmicas: Margens que dançam, fronteiras que não existem”; “Rios Voadores: Repensar as Fontes, usos e representações da água” e “Geologias afetivas: a história viva de uma receita”. A interligação das seis propostas, explica o curador, pretende o desenvolvimento de estratégias “que contribuam para reconhecer, reparar e restaurar e pensar novas relações com o mundo”.

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A água é um assunto que me tem interessado ao longo dos anos. Além de um interesse pessoal, há um interesse coletivo. Primeiro, a bienal acontece num território que é profundamente marcado por água: pelo rio, pelo mar, pelos rios subterrâneos. Depois, hoje em dia a água é um bem precioso, apesar de parecer que cada vez é mais escasso. No fundo, a bienal é pensada quase como uma plataforma que pretende chamar à atenção para estas questões relacionadas com a água e para as várias dimensões da água, porque a água não é só superfície líquida”, acrescentou Fernando Brízio.

Para esta terceira edição, e depois de França e Itália, o país convidado é Espanha (Galiza), com o curador galego David Barro a sublinhar a importância de trabalhar estratégias comuns para desenvolver o design, recordando que “na Galiza, a indústria e o design chegaram do mar”. A exposição tem como nome “Galiza. Processos e Formas”.

As candidaturas para as open calls para o programa Satélite da Porto Design Biennale abriram esta quarta-feira e decorrem até ao dia 26 de junho, sendo concedidos apoios monetários aos dez projetos selecionados pelo júri. Os resultados são comunicados a 25 de julho e a assinatura dos contratos é feita a 9 de agosto.

Presentes na conferência de imprensa estiveram também os autarcas do Porto e de Matosinhos. Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, destaca que hoje em dia “já todos estão atentos ao problema da água, da poluição dos oceanos, das alterações climáticas” e relembra a importância do design na reflexão destas questões: “É bom que pensamos naquilo que tem a ver com a nossa paisagem urbana, com a geologia, com tudo aquilo que podemos intervir em nome de um bem que nos habituamos sempre a dizer que era a fonte da vida, mas que hoje é também um bem profundamente escasso e com imensas dificuldades. E o design é isso mesmo: é a nossa capacidade humana de intervir na vida, no território”.

Já Luísa Salgueiro, presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, reforça o trabalho feito a nível cultural e a colaboração com o município do Porto, sublinhando que a bienal é “o ponto alto da programação conjunta” entre os dois municípios. “A Porto Design Biennale, que se realiza nas duas cidades, significa a importância que ambos atribuímos ao design enquanto fator diferenciador dos nossos territórios, que implica vontade política para que o esforço financeiro que exige possa manter-se, mesmo nos tempos mais difíceis do ponto de vista orçamental”, referiu a autarca.

A Porto Design Biennale realiza-se de 19 de outubro a 3 de dezembro e terá vários espaços expositivos no Porto (Bibliotecas do Porto, Museu do Porto, Palácio dos Correios, Reservatório de Água Nova Sintra e a Reitoria da Universidade do Porto) e em Matosinhos (Casa do Design, Galeria Municipal de Matosinhos, Terminal de Cruzeiros, Museu da Quinta de Santiago, Casa da Arquitetura, Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery, Mercado de Matosinhos e Porto Business School).