A economia portuguesa terá crescido 0,6% em cadeia, no primeiro trimestre deste ano, de acordo com as estimativas reveladas pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, esta quinta-feira no Parlamento.

Medina respondia ao deputado do PS Sérgio Ávila, atirando contra os partidos à direita: no ano passado, “quando apresentámos a previsão de crescimento para 2023 houve vários deputados que classificaram que era uma projeção muito otimista, que íamos ter recessão, que era inevitável que acontecesse”. Esse cenário de recessão, reitera, não se coloca nas projeções do Governo.

Segundo o ministro, a economia registou um comportamento “bastante melhor” no final de 2022 e “está a registar já no primeiro trimestre de 2023 um crescimento ainda mais forte, com um crescimento em cadeia que se estima que tenha sido de 0,6%”. No primeiro trimestre de 2022, o PIB tinha crescido 2,3% em cadeia, no segundo 0,2%, 0,3% no terceiro e também 0,3% no último trimestre de 2022.

Fernando Medina justifica a evolução recente com o turismo e o “setor exportador na sua globalidade”, incluindo bens e serviços, a crescer “a níveis bastante acima do que era no passado recente”.

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O ministro das Finanças está a ser ouvido, esta quinta-feira, na comissão de Orçamento e Finanças, no Parlamento, no âmbito do Programa de Estabilidade 2023-2027, que reviu em alta as projeções para o crescimento da economia em 2023 (de 1,3% para 1,8%) e da inflação (de 4% para 5,1%), e em baixa as projeções do défice (de 0,9% para 0,4%).

PSD compara Governo à orquestra do Titanic

O PSD, pela voz do deputado João Barbosa de Melo, defendeu que ao Programa de Estabilidade faltam “ideias novas” e “propostas com ambição”. “O que encontro nestes documentos é mais do mesmo”, disse, confrontando Medina com as projeções para a produtividade, que apelidou como o “calcanhar de Aquiles da nossa economia”. “É muito poucochinho o que vejo aqui”, atirou.

João Barbosa de Melo comparou a atuação do Governo com a orquestra no Titanic que, “diz-se”, ficou “no convés a tocar” enquanto o navio se afundava. “O Governo parece a orquestra, com a batuta do maestro Costa”, que “vai animando o povo” ao dar “subsídios e cantigas”.

Fernando Medina respondeu que o Programa de Estabilidade “traz mais do mesmo: uma estratégia económica que funciona, tem funcionado, tem tido resultados na melhoria dos rendimentos das famílias”, com melhorias na taxa de emprego, na população empregada “que o nosso país nunca teve”, na “consolidação das finanças públicas”. É, argumenta, uma política económica que segue uma “linha de coerência”.

Quanto à produtividade — que segundo o programa de Estabilidade, foi de 4,6% em 2022 (dados do INE), com o Governo a estimar que se fique pelos 1,4% em 2023, 1,5% em 2024, e 1,7% tanto em 2025, como em 2026 e 2027 — Medina argumenta que a economia “é bem mais produtiva do que aquilo que era”. E sustenta que foi com essa “melhoria da produtividade” que foi possível aumentar o salário mínimo e as remunerações médias.

Segundo os dados que têm sido divulgados pelo Governo — e que o ministro repetiu — em janeiro e fevereiro, as remunerações declaradas à Segurança Social cresceram 8%, o que “resulta do efeito da inflação, mas também dos ganhos da produtividade”. “Foram salários pagos pelas empresas porque podem. Têm procura e ganhos de produtividade.”