O final dos trabalhos desta quinta-feira da comissão de inquérito à TAP ficou marcado pela contestação dos deputados e do presidente da Comissão, à divulgação de informação, nomeadamente trocas de mensagens, alegadamente confidenciais, pela SIC e a CNN, que foram enviadas à comissão, e estão reservados a consulta numa sala fechada.
Sem nunca se referir diretamente à situação em causa, Seguro Sanches começou por referir uma “imensa desilusão pelo que aconteceu” que, “a confirmar-se, para todos nós é um ataque muito forte aos valores mais sérios e honestos da atividade política”.
“Permitam-me um desabafo pessoal e como cidadão e que deve obrigar-nos a uma reflexão sobre o que é política. A confirmar-se, temos de falar sobre esta questão”, disse o presidente da comissão, que mais tarde admitira que “um inquérito sobre esta situação não seria inédito” mas “temos de saber o que aconteceu e ter a certeza das suspeitas”. Seguro Sanches defendeu que a divulgação de informação confidencial é “um ataque ao nosso trabalho” que é “inaceitável e antidemocrático”, e admitiu mesmo uma “punição de forma exemplar para a sociedade”.
Esta sexta-feira, na reunião de mesa e coordenadores os deputados deverão debater o que fazer “para que este ataque tenha as respostas mais eficazes possíveis”.
Filipe Melo, do Chega, denunciou um “clima de suspeição” na comissão, e chegou a sugerir que a reunião não deveria terminar “sem se apurar o que saiu, em que moldes e por quem saiu”.
Bruno Aragão, do PS, considerou que a comissão deve “agir em conformidade” e “não abdicar dos princípios éticos que nos devem reger”.
Bruno Dias, do PCP, sublinhou que “há alguém a ganhar muito com isto mas não é a assembleia da república, o país ou a democracia” e apelou a que se cumpra o apuramento da verdade “com as atribuições que a lei permite” e “para que não haja dúvidas sobre a lisura do trabalho da CPI”.