A história do despedimento de Frederico Pinheiro, ex-adjunto de João Galamba, é tão complexa que até envolveu o Sistema de Informações de Segurança (SIS). Depois de ter estado no ministério das Infraestruturas, na quarta-feira à noite, para tentar reaver o computador que tinha documentos relativos à polémica reunião entre Governo, PS e TAP, e de ter sido acusado de agredir elementos do ministério, foi ao SIS que Pinheiro acabou por entregar o tal computador, confirmou o Observador.

Segundo conta o Público, o ex-adjunto queria fazer uma cópia das informações que estavam no computador, até para se defender no quadro da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP. Já o Expresso cita Pinheiro, que assegura que só pretendia retirar do aparelho os seus ficheiros pessoais.

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De qualquer forma, a polícia foi chamada ao edifício e o a chefe de gabinete de Galamba, Eugénia Correia Cabaço, acionou mesmo o SIS para reaver o computador que o adjunto usava, tendo também instaurado um processo-crime a Pinheiro.

Para o Governo, estava em causa o roubo de um computador do Estado com “documentos classificados pelo gabinete nacional de segurança”. O Público já tinha escrito que o plano de reestruturação da TAP foi classificado como confidencial junto deste gabinete antes de ser enviado à Comissão Parlamentar de Inquérito.

O ex-adjunto, por seu lado, nega que tenha tentado cometer um furto e diz ter entregado o computador “de livre vontade” (mas só depois de ter tentado sair do ministério, e de ser acusado de agredido elementos do gabinete, nesse processo). Pinheiro enviou ainda um e-mail ao centro de gestão da rede informática do Governo para dizer que tinha o computador na sua posse e que ficava a aguardar indicações.

Esta sexta-feira a Iniciativa Liberal enviou perguntas ao primeiro-ministro — em cuja dependência o SIS funciona — sobre o recurso ao serviço do Estado, questionando em que termos pode o ministério “reportar diretamente o furto de um bem” ao SIS e se este pode receber diretamente esse bem, assim como perguntando se o Governo costuma dar “instruções” aos serviços de informações “para que estes pratiquem atos próprios de entidades com funções policiais”.