Em comunicado, a ONU referiu que a reunião contará com “enviados especiais no Afeganistão para chegar a pontos comuns em questões-chave, como direitos humanos, em particular direitos de mulheres e meninas, governança inclusiva, combate ao terrorismo e tráfico de drogas”.
A reunião, liderada por Guterres, destina-se a “alcançar um entendimento comum dentro da comunidade internacional sobre como se envolver com os talibãs nessas questões”, acrescenta-se na nota.
O evento contará com participantes da China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Irão, Japão, Cazaquistão, Quirguistão, Noruega, Paquistão, Qatar, Rússia, Arábia Saudita, Tajiquistão, Turquia, Turquemenistão, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, Estados Unidos, Uzbequistão, União Europeia e a Organização de Cooperação Islâmica.
Contudo, apesar de a reunião se propor a alcançar um entendimento com as autoridades afegãs, os talibãs não foram convidados e estarão ausentes do encontro que se concentrará em formas de incentivá-los a suavizarem a sua posição sobre os direitos das mulheres.
Antes desta reunião diplomática, mulheres afegãs manifestaram-se em Cabul no sábado para expressar a sua oposição a qualquer reconhecimento internacional do Governo talibã.
Numa carta endereçada aos enviados no domingo, uma coligação de grupos de mulheres disse estar “indignada” com o facto de qualquer país considerar estabelecer laços formais com as autoridades afegãs, dado o seu histórico sobre os direitos das mulheres.
As Nações Unidas e os Estados Unidos garantiram que a normalização dessas relações não estava prevista no encontro.
Os temores entre as organizações de direitos humanos foram alimentados por declarações no mês passado da subsecretária-geral da ONU, Amina Mohammed, que disse que a reunião de Doha poderia levar a “pequenos passos” em direção a um eventual “reconhecimento em princípio” do Governo talibã, “sob condições”.
A ONU disse que os comentários foram mal interpretados.
“Qualquer forma de reconhecimento dos talibãs está totalmente excluída”, insistiu o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Vedant Patel, na semana passada.
Os talibãs tomaram o poder no Afeganistão em 2021, na sequência da retirada caótica das tropas dos Estados Unidos e da NATO, após 20 anos de guerra.
A comunidade internacional não reconheceu o Governo dos fundamentalistas islâmicos, cautelosa com as duras medidas que impuseram, incluindo a restrição de direitos e liberdades, especialmente para mulheres e minorias.