A Dacia mantém-se fiel à sua filosofia de oferecer sempre os modelos mais acessíveis do mercado, nos diferentes segmentos. E a prova mais recente chega-nos pela mão do Jogger Hybrid 140, o primeiro modelo da marca romena do Grupo Renault com cinco ou sete lugares e uma mecânica full hybrid, que fica bastante abaixo da concorrência em matéria de preço. Mas será o novo modelo, cuja chegada ao nosso país aconteceu em Março, uma boa proposta para o utilizador, se cruzarmos o investimento inicial com a economia que garante?

Para a Dacia, o lançamento desta versão híbrida foi, mais do que uma opção, uma obrigação imposta pelo mercado, onde muitos clientes se viram para os 100% híbridos (HEV, de hybrid electric vehicle) em busca de custos de utilização inferiores. Isto porque, para a marca, quem pretende poupar deve antes optar pelo GPL, que é uma opção em que o preço original do veículo apenas aumenta numas centenas de euros, em vez dos HEV, que incrementam o valor do modelo em alguns milhares de euros.

Novo Jogger com a nova imagem da marca

A Dacia iniciou a comercialização do novo Jogger há cerca de um ano, um modelo que se assume como uma carrinha com capacidade para cinco ou sete ocupantes, com um certo ar de crossover, devido às protecções dos guarda-lamas e embaladeiras em plástico. A frente com a nova grelha da marca, associada aos faróis com uma assinatura luminosa mais moderna e atraente, ajuda a tornar o modelo mais apetecível.

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Até aqui, a oferta de mecânicas resumia-se ao motor 1.0 TCE de 110 cv e 200 Nm a gasolina, uma unidade sobrealimentada com três cilindros, capaz de levar esta versão do Jogger até aos 183 km/h e a passar pelos 100 km/h ao fim de apenas 11,2 segundos. Tudo isto com um consumo médio de 5,7 l/100 km, a que correspondem 129 g/km de CO2. A alternativa, para quem procura uma mecânica mais económica, em busca de uma redução dos custos de utilização, é o Eco-G com 100 cv e 170 Nm, uma unidade bi-fuel, uma vez que é capaz de consumir GPL depois de arrancar a gasolina. O Jogger com este motor anuncia 175 km/h e 12,3 segundos de 0-100 km/h, com um consumo de 4,3 kg de gás por cada 100 km. A este par de opções, o Jogger passou a aliar o motor 140 Hybrid, para os que buscam uma mecânica menos “gulosa”.

Um Dacia, mas com alma de Renault

Para conceber o Jogger Hybrid 140, a Dacia recorreu ao banco de órgãos do Grupo Renault, para instalar uma mecânica similar à que já tínhamos visto nos Clio e Captur híbridos. Ao contrário de outras soluções da concorrência, que apostam na potência, esta coloca a ênfase na redução do consumo e das emissões. A explicação reside no facto de montar um motor 1.6 atmosférico a gasolina – em linha com o que também faz a Toyota –, a funcionar segundo o ciclo Atkinson, uma variante do Otto que diminui as perdas por bombeamento na fase da compressão. A este motor a gasolina que fornece 94 cv, a Dacia alia a famosa caixa de velocidades Multimode, que é apontada como a mais sofisticada do mercado para este tipo de mecânica, uma vez que junta três velocidades mecânicas (para evitar o “escorregamento”, em que a subida de regime do motor de combustão não tem correspondência directa com o incremento de velocidade) com cinco velocidades moduladas por um motor eléctrico com 20 cv, o que perfaz um total de 15 relações.

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Além deste motor eléctrico de 20 cv, a caixa inclui ainda a unidade eléctrica principal, com 49 cv, que é responsável por realizar todos os arranques e impulsionar o Jogger em modo eléctrico. Tal como acontece nos Renault equipados com esta mecânica, a Dacia anuncia uma redução do consumo de 40% desta unidade híbrida face a um motor convencional exclusivamente a gasolina, além de assegurar que o modelo consegue circular 80% do tempo em modo eléctrico, quando a deslocar-se em meios urbanos.

A caixa Multimode não possui embraiagens ou sincronizadores que absorvam energia, para melhor eficiência energética, mas inclui no seu interior os dois motores eléctricos já mencionados, para produzir energia e recarregar a bateria de 1,2 kWh, para modular as mudanças eléctricas e reforçar o motor de combustão, elevando assim a potência total para 140 cv. Nesta versão 140 Hybrid, o Jogger anuncia 167 km/h de velocidade máxima, mas 9,9 segundos de 0-100 km/h e um consumo de apenas 4,8 l/100 km, a que correspondem emissões de somente 108 g de CO2/km.

E funciona?

Para verificar se a realidade estava à altura das promessas, aproveitámos o contacto com o Jogger Hybrid 140 para confirmar até que ponto o apetite por gasolina do Dacia tinha sido reduzido. Começámos por circular em cidade, com muito pára-arranca e bastantes subidas e descidas, o cocktail típico que muitos condutores enfrentam regularmente. E provando que estas são as condições que mais favorecem uma mecânica “full hybrid”, o Jogger registou um consumo de apenas 4,1 l/100 km, um valor francamente baixo.

A fase seguinte foi determinar o consumo em auto-estrada, com o Jogger a necessitar de 4,9 l/100 km a uma velocidade de 90 km/h, para depois subir a média para 5,6 l/100 km quando a velocidade aumentou para 120 km/h, com a diferença entre ambas as condições a ficar a dever-se ao facto de, quanto mais elevada é a velocidade, menor é a capacidade dos motores eléctricos ajudarem a diminuir o esforço do motor a gasolina. São ainda assim bons valores, dos melhores entre os que usam este tipo de solução, que permitirão a alguns condutores que perseguem custos de utilizações menores considerar a mecânica híbrida em vez de um motor bi-fuel a GPL, especialmente os que se deslocam em zonas menos bem servidas de postos de abastecimento de gases de petróleo liquefeito (GPL).

Na imagem é possível ver a complexidade mecânica do Jogger 140 Hybrid: um motor de combustão, duas unidades eléctricas e uma caixa de velocidades automática sem embraiagem, sem sincronizadores e concebida com a colaboração da equipa de F1 do Grupo Renault

O novo Jogger 140 Hybrid, que já utiliza a versão mais recente do sistema híbrido do grupo francês, revelou-se ainda confortável e robusto, como é apanágio da Dacia, e espaçoso, para modelos desta bitola. Os dois lugares adicionais que surgem na mala poderão ser um trunfo para alguns, ainda que se destinem a uma utilização temporária, tal como é um elemento diferenciador o painel de instrumentos digital, uma vez que esta versão é a única a recorrer a esta solução, o mesmo acontecendo com a caixa automática.

Depois de ter chegado em Março, o Jogger Hybrid 140 já está disponível no mercado nacional, onde é proposto por um valor que arranca nos 28.800€, correspondentes à versão SL Extreme, com sete lugares. O construtor prevê que esta versão, dotada com o primeiro motor híbrido da marca, conquiste 20% a 30% das vendas da gama. O que não deixa de ser notável, uma vez que a versão híbrida do modelo exige um investimento inicial de 28.850€, cerca de 7 mil euros mais do que a versão alimentada por GPL.

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