A taxa de inflação na zona euro voltou a acelerar em abril, de 6,9% para 7%, mas a chamada inflação “subjacente” (core), que exclui os preços da energia e dos alimentos não-processados, abrandou pela primeira vez em 10 meses. Esse é o indicador que mais tem preocupado o Banco Central Europeu (BCE), já que é expurgado da volatilidade dos preços dos produtos energéticos e, por isso, permite perceber mais claramente se as pressões inflacionistas se estão a alastrar na economia.
Segundo os dados divulgados esta terça-feira pelo Eurostat, a inflação core na zona euro aumentou a um ritmo de 5,6% – ainda assim um ritmo menor de subida dos preços do que os 5,7% calculados para o mês anterior. É uma pequena descida que, no entanto, poderá dar algum conforto ao BCE para abrandar também na subida dos juros.
Esta quinta-feira, o Conselho do BCE volta a reunir-se e as expectativas dividem-se entre um novo aumento dos juros – a dúvida é se será uma subida de 25 pontos-base ou 50 pontos-base. Este indicador poderá dar alguma força àqueles que, no seio do Conselho do BCE, defendem que as taxas de juro não devem subir mais ou, então, devem subir a um ritmo menor.
Para a Capital Economics, porém, a pequena descida da inflação core não será muito relevante porque se baseou, sobretudo, numa subida menor nos preços dos bens e não nos serviços. “Esta componente [dos bens] já se previa que baixasse dadas as melhorias nas cadeias de abastecimento mundiais”, diz o Capital Economics em nota enviada aos clientes e partilhada com o Observador. “A inflação nos serviços, que é mais preocupante, acelerou de 5,1% para 5,2%“, sublinha a firma de investimentos britânica
Quanto ao aumento da leitura principal da inflação, ela deverá ser ignorada pelo BCE já que será apenas um resultado de uma pequena subida dos preços do petróleo nas últimas semanas.