O encontro da primeira mão não teve o melhor desfecho mas permitia pelo menos sonhar com algo mais. O Bayer Leverkusen, que através da Bundesliga já não tem hipóteses de voltar à Liga dos Campeões, chegara às meias-finais da Liga Europa e tentava deixar de lado uma alcunha maldosa de “Neverkusen” depois de uma série de insucessos quando estava próximo de ganhar. Ao longo de quase 120 anos de história, a equipa alemã ganhou uma Taça UEFA frente ao Espanyol em 1988 e uma Taça da Alemanha com o Werder Bremen em 1993 mas foi a partir daí que começou uma espécie de maldição que travava a equipa na hora da verdade.

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Foi assim em 2000, quando precisava apenas de um ponto num encontro com o modesto Unterhaching mas perdeu com um autogolo de Michael Ballack que deu o título de bandeja ao Bayern. Foi assim em 2001, num ano de todos os horrores em que deixou fugir uma vantagem de cinco pontos a três jornadas do final do Campeonato com duas derrotas, caiu diante do Schalke 04 na final da Taça da Alemanha e perdeu também a final da Champions com o Real Madrid no lapso de apenas 11 dias. Foi assim em 2009 e 2010, quando foi de novo à final da Taça da Alemanha mas foi derrota pelo Werder Bremen e pelo Bayern. As épocas podiam ir correndo melhor ou pior mas, quando chegava a altura decisiva, havia um bloqueio. Era essa barreira que Xabi Alonso tentava agora corrigir, tendo pela frente uma Roma treinada por José Mourinho.

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“Não vou falar sobre o futuro nem acerca da final, só tenho de estar concentrado no jogo de amanhã [quinta-feira]. O presente é o mais importante, não conhecemos o futuro. Eu quero atingir esta final, não tanto por mim, mas pelos rapazes e pelos adeptos. Os adeptos são extraordinários e os rapazes são um grupo incrível, estão a ter uma grande temporada e precisam de continuar a dar tudo e de ultrapassarem várias dificuldades. Será preciso uma exibição extraordinária para chegarmos à final”, comentara na antecâmara da partida, recusando qualquer favoritismo extra até pelo momento que os transalpinos atravessam na Serie A, com uma série de cinco jogos consecutivos sem vitórias: “Favoritos na eliminatória? Não nos sentimos nada assim. Já digo há 20 anos que quem chega às meias-finais tem 50% de hipóteses de chegar à final e 25% de hipóteses de vencê-la. Estes são os únicos números que conheço, enquanto pessoa pragmática”.

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Do outro lado, Xabi Alonso tentava agarrar a oportunidade em forma de trampolim de ter uma primeira afirmação enquanto treinador frente a um antigo técnico na era que teve como jogador no Real Madrid. Mais uma vez, o espanhol deixou rasgados elogios a Mourinho, reforçando a importância que a partida teria para o clube e para o próprio. “Estamos felizes por chegarmos às meias mas queremos mais. Para uma equipa que não está habituada a ter estas oportunidades é uma chance de ouro. Esperamos um jogo intenso mas acreditamos na passagem com o apoio dos nossos adeptos. Esperemos que seja uma noite histórica”, tinha referido na antecâmara da partida. Para o português, havia quase um tira-teimas depois de cinco passagens (que deram outros tantos títulos, entre duas Ligas dos Campeões, duas Taça UEFA/Liga Europa e uma Liga Conferência) e seis eliminações em 11 meias-finais. Agora, ficou tudo empatado – e vai à sexta final europeia.

Tal como se previa, Mourinho fez várias alterações na equipa em relação à equipa que iniciou o jogo frente ao Bolonha, com o regresso às opções de Rui Patrício, Mancini, Bove, Matic, Pellegrini, Spinazzola e Tammy Abraham (ou seja, sobraram apenas Çelik, Cristante, Ibañez e Belotti – e porque o plantel não tinha mais profundidade para rodar pelas lesões). E o primeiro sinal de perigo até pertenceu ao capitão Pellegrini, num remate ao lado após combinação com Abraham (2′). No entanto, foram os alemães que conseguiram agarrar no jogo em ataque organizado ou em transições como uma que permitiu a Diaby arrancar quase desde o meio-campo descaído sobre a direita até rematar com estrondo à trave (13′). Demirbay, em duas ocasiões distintas, também arriscou a meia distância mas, mesmo sem “ataque”, a Roma segurava o nulo.

Já depois de ter trocado Spinazzola por Zalewski por lesão, Mourinho voltou a mexer durante o intervalo com a saída de Belotti para a entrada de Wijnaldum, numa tentativa de colocar também Pellegrini em terrenos mais adiantados ao pé de Tammy Abraham e de ter mais posse do que acontecera num primeiro tempo de total domínio do Bayer Leverkusen. Os alemães continuavam a dominar mas sem criar situações de perigo, sendo preciso esperar até aos 65′ para Sardar Azmoun desviar de cabeça para defesa segura de Rui Patrício antes de nova intervenção mais complicado a remate de Demirbay (67′). Azmoun teria ainda mais um tiro que passou muito perto do poste e a Roma, praticamente sem baliza adversária, aguentou o 0-0 que permitiu chega a nova final europeia depois da vitória na Liga Conferência depois do 1-0 no Olímpico.