O ministro da Saúde desafiou esta quarta-feira a indústria de medicamentos genéricos para produzir fármacos para a cessação tabágica, afirmando que, sendo possível, seria “uma boa prenda” para o Serviço Nacional de Saúde.

Na sua intervenção na conferência “Valor Estratégico da C”, que decorreu em Lisboa, Manuel Pizarro afirmou que seria importante que algumas empresas de genéricos possam também comercializar “os produtos usados para cessação tabágica”, porque alguns deles já perderam a patente e têm a possibilidade de terem a produção genérica.

À margem da conferência, o governante disse à Lusa que “era muito importante” para o SNS que houvesse também medicamentos genéricos na “fileira dos medicamentos que contribuem para a cessação tabágica”.

“Sendo isso possível era uma boa prenda para o SNS e para nós alargarmos mais as consultas de cessação tabágica no Serviço Nacional de Saúde”, declarou Manuel Pizarro.

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Questionada pela Lusa se as empresas de genéricos vão ter em conta este desafio lançado pelo ministro, a presidente da Associação Portugueses de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (APOGEN), Maria do Carmo Neves, afirmou que “a indústria portuguesa do medicamento genérico está no mercado e, de acordo com a proteção do mercado, vai analisar essa situação”.

No congresso, o ministro da Saúde destacou a importância dos medicamentos genéricos e biossimilares (terapêutica biológica) para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde e para os portugueses.

“Se não fosse a indústria de genéricos, os portugueses não tinham acesso aos medicamentos como têm. Isso não seria mesmo possível, porque não seria sustentável do ponto de vista financeiro para o Serviço Nacional de Saúde e para o Estado português remunerar aquilo que custaria às pessoas, às famílias o acesso a medicamentos que são absolutamente essenciais”, salientou.

Maria do Carmo Neves acrescentou que cinco em cada 10 doentes são tratados no ambulatório com medicamentos genéricos, sendo que a Alemanha trata oito em cada 10. “A quota de mercado dos Medicamentos Genéricos está praticamente estagnada, embora ao longo dos anos tenhamos apresentado de forma recorrente propostas para atingir no mínimo este objetivo de tratar com medicamentos genéricos seis em cada dez doentes”.

“Nos hospitais, tratamos oito em cada 10 doentes e apenas contribuímos para 22% da despesa”, lamentou a presidente da APOGEN, sublinhando que disponibilizam medicamentos de primeira linha de tratamento, que cobrem 78% das áreas terapêuticas, abrangendo a maioria das doenças crónicas

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“Disponibilizamos medicamentos essenciais para a manutenção da qualidade de vida e aumento da esperança média de vida, que o conhecimento tecnológico em saúde tem proporcionado a um ritmo tão elevado nas últimas décadas. Todavia, a quota de mercado dos medicamentos biossimilares, em alguns hospitais do SNS, não ultrapassa os 14%”, referiu a responsável, defendendo que, se noutros casos este percentual é próximo dos 100%, são necessárias medidas específicas para corrigir estas assimetrias.

No seu entender, é necessário reforçar a confiança dos profissionais de saúde e das pessoas com doença, com campanhas públicas, que divulguem os ganhos obtidos em saúde, resultantes da utilização de medicamentos genéricos e biossimilares e criar mais incentivos para a sua prescrição e dispensa.