Os três maiores grupos privados de saúde estão disponíveis para receber grávidas vindas do SNS durante os próximos quatro meses, na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde a escassez de obstetras, a realização de obras em duas maternidades e as tradicionais férias dos profissionais poderão complicar a resposta obstétrica durante o verão.
O grupo CUF, o maior grupo privado do país, disse esta quinta-feira ao Observador que “irá, como sempre o fez, disponibilizar-se para colaborar e apoiar o país na prestação de cuidados de saúde de qualidade, neste caso, no âmbito da maternidade do Hospital CUF Descobertas.”
Já a Lusíadas Saúde dá uma resposta muito idêntica, confirmando que já “submeteu a sua candidatura à nova convenção para a realização de partos a utentes do SNS, na região de Lisboa e Vale do Tejo”, reiterando, “uma vez mais, a sua disponibilidade de colaboração com o SNS e o seu compromisso em responder às necessidades da população portuguesa, servindo assim o sistema nacional de saúde”.
No entanto, os privados não se comprometem para já com números quando o assunto é a capacidade para a realização de partos do SNS. A capacidade será confirmada diariamente pela entidade convencionada ao INEM, e pode ser alterada no próprio dia, segundo a convenção da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).
Também a Luz Saúde confirmou ao Observador que já aderiu à convenção, mas ressalva que, perante a elevada procura que o Hospital da Luz Lisboa já regista (é a maior maternidade do país, com mais de 3300 partos/ano), “manter a qualidade e a segurança é fundamental”, sublinha fonte oficial, acrescentando que são feitos, em média, 11 partos por dia neste hospital.
O recurso aos privados será feito em último recurso, em períodos em que estiver esgotada a capacidade dos hospitais do SNS. Caberá ao Centro de Orientação de Doentes Urgentes (o CODU) do INEM encaminhar para os privados as grávidas com mais de 36 semanas e sem gravidezes consideradas de risco (as únicas que podem ser recebidas pelos privados ao abrigo da convenção), isto é, “sem patologia grave previamente identificada, que possam antecipar a necessidade de cuidados intensivos de adultos ou de unidades de cuidados intensivos neonatais”, lê-se na convenção.
Só poderão aderir à convenção os hospitais que realizem mais de 700 partos por ano. O SNS vai pagar até três mil euros por cada parto mas os valores propostos não são inflacionados; são iguais aos que são pagos pela tabela da ADSE. Assim, uma cesariana custará ao SNS 3005 euros, um parto instrumento 2175 euros e um parto normal (com ou sem anestesia) 1965 euros.