O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump apelidou este sábado, 10 de junho, a sua histórica acusação federal como “ridícula” e “sem fundamento”, e um ataque aos seus apoiantes.

Na primeira aparição pública desde que foram reveladas as 37 acusações de crime, Donald Trump disse que se tratava de um ataque aos seus apoiantes, tentando transformar uma questão legal numa vantagem política.

Falando na Convenção Republicana da Geórgia, Donald Trump classificou a sua acusação pelo Departamento de Justiça como uma tentativa de prejudicar as suas hipóteses de regressar à Casa Branca, numa altura em que faz campanha para um segundo mandato.

“Lançaram uma caça às bruxas atrás da outra para tentar parar o nosso movimento, para frustrar a vontade do povo americano”, disse Donald Trump, acrescentando depois: “No fim não estão a vir atrás de mim. Eles estão a vir atrás de vocês”, afirmou, perante centenas de apoiantes.

Donald Trump acusado de 37 crimes no caso dos documentos confidenciais levados da Casa Branca

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Donald Trump, Presidente entre 2017 e 2021, continua a ser o favorito para a nomeação do Partido Republicano em 2024, apesar de seus crescentes problemas legais.

Esta acusação ridícula e infundada contra mim, feita pelo Departamento de Justiça de Joe Biden, será recordada como o pior abuso de poder na história do nosso país“, afirmou o antigo chefe de Estado.

A assistência, muitos usando os bonés vermelhos característicos de Donald Trump, reagiu com aplausos às palavras do ex-presidente e não hesitou em vaiar quando o republicano se referiu ao Presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden.

Joe Biden, que já anunciou que vai concorrer à reeleição em 2024, ainda não tomou posição sobre a nova acusação de Donald Trump, a segunda depois de ter sido indiciado em março deste ano em Nova Iorque num caso de fraude fiscal.

Segundo a acusação, conhecida na sexta-feira, estão em causa 37 crimes. Depois de deixar o cargo em 2021, Trump ordenou que dezenas de caixas com recortes de jornais, cartas, fotografias e centenas de documentos classificados, incluindo informações sobre segredos nucleares e planos para atacar outros países, fossem transferidos da Casa Branca para a sua mansão em Mar-a-Lago, na Florida.

Esses documentos não foram guardados de forma segura, e acabaram em diferentes cantos da mansão de Trump, incluindo um quarto, um salão de baile e uma casa de banho, de acordo com fotografias incluídas na acusação.

Segundo a Lei dos Registos Presidenciais de 1978, todos os documentos de um presidente são propriedade pública do governo dos Estados Unidos e não privada, pelo que Donald Trump, ao deixar a Casa Branca, deveria ter entregue os documentos classificados aos Arquivos Nacionais, que têm a sua custódia.

Alguns meses depois de Donald Trump ter deixado a Casa Branca, os Arquivos Nacionais descobriram que não lhes tinham sido entregues todos os documentos classificados da sua presidência e, como o antigo presidente não os devolveu, recorreram ao FBI, o que resultou na abertura de um inquérito judicial.

Em agosto de 2022, o FBI fez finalmente uma busca na mansão do antigo presidente para apreender as caixas de documentos classificados que ainda estavam à sua guarda.

Apesar da intervenção do FBI, de acordo com a acusação, Donald Trump pode ter posto em perigo a segurança dos Estados Unidos não só porque os documentos não estavam armazenados de forma segura, mas também porque o antigo presidente os mostrou a pessoas que não estavam autorizadas a vê-los.