A investigadora da Universidade Nova de Lisboa (UNL) Jelena Vladic foi uma das vencedoras do prémio instituído pela Unesco e fundação saudita Al Fozan para jovens cientistas que trabalham nas áreas da ciência, engenharia, tecnologia e matemática.
Jelena Vladic é uma cientista sérvia especializada em engenharia farmacêutica que trabalha na chamada química amiga do ambiente na Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da UNL, onde integra o grupo de investigação ‘Des.solve’, que “analisa soluções naturais solventes para processos industriais ecológicos e sustentáveis”, refere a FCT da UNL numa nota divulgada esta terça-feira sobre a premiada.
A investigadora vai receber 50 mil dólares (46 mil euros) atribuídos pela Fundação Al Fozan, que financia o prémio, ao qual se associou na gestão a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês). O prémio internacional UNESCO-Al Fozan é bianual, tendo a primeira edição sido lançada em 2022.
Ao todo, são distinguidos cinco cientistas, um por cada região geográfica da UNESCO (África, Europa e América do Norte, América Latina e Caraíbas, Ásia e Pacífico e Estados Árabes).
UNESCO: Lisboa vai ser Cidade da Aprendizagem para dar oportunidades de formação a jovens e adultos
A distinção visa incentivar a investigação, educação e cooperação internacional em ciência, engenharia, tecnologia e matemática, potenciando o aumento do interesse dos jovens, principalmente as mulheres, por estas áreas.
Jelena Vladic tem trabalhado na área dos solventes verdes (que, por definição, não são tóxicos e têm na sua base substâncias inócuas, renováveis ou biodegradáveis) e das tecnologias limpas para obtenção de produtos derivados de plantas medicinais e aromáticas, desperdícios alimentares e agrícolas e microalgas.
Um dos trabalhos em que a cientista está envolvida é “a estabilização de aromas voláteis de recursos naturais, como plantas medicinais”, usando solventes verdes.
“Estamos a desenvolver métodos simples, utilizando solventes verdes, que proporcionem maior estabilidade e maior prazo de validade aos aromas naturais”, afirmou à Lusa.
Jelena Vladic explicou que os aromas, usados em alimentos, cosméticos, perfumes, produtos químicos e farmacêuticos, têm compostos voláteis conhecidos como odores, fragrâncias ou sabores que, por evaporarem-se rapidamente e serem instáveis, podem alterar as propriedades (como cheiro e textura) e os benefícios de um produto.
No campo das microalgas, a investigadora da FCT da UNL está a desenvolver “processos ecologicamente corretos para extrair compostos” de microalgas que “podem ser utilizados na indústria farmacêutica, cosmética e alimentícia”.
UNESCO atribui prémio de liberdade de imprensa a mulheres jornalistas presas no Irão
Além disso, o seu grupo de investigação está a trabalhar na purificação e extração de componentes de microalgas provenientes do tratamento de esgotos, uma vez que “ainda representam uma rica fonte de compostos bioativos”.
Segundo Jelena Vladic, as microalgas demonstraram “ser uma excelente alternativa ao tratamento convencional dos esgotos”, pois “ajudam na purificação” das águas residuais, removendo compostos como carbono, fósforo ou azoto.
A Fundação Al Fozan, que está ligada também a um prémio de arquitetura para mesquitas e a um centro de autismo, o maior do Médio Oriente, tem o nome de um grupo empresarial na Arábia Saudita com investimentos no comércio, indústria, imobiliário e vendas a retalho.