“Persistente, perfecionista, frustrada quando as coisas não acontecem logo como desejado”. Era desta forma que Matilde Rodrigues, uma das representantes mais novas da Seleção nestes Jogos Europeus de Cracóvia-Malopolska (19 anos), fazia uma breve apresentação ainda antes do início do concurso de muaythai na Polónia. Tinha outros objetivos paralelos como desfazer o tabu de que a modalidade seria mais virada para o masculino, ambicionava chegar ao pódio na estreia na competição. Ao terceiro dia, entrava em ação com a garantia de uma medalha conquistada e a ambicionar regressar a Portugal com o ouro.

O pódio ainda era pouco na estreia: Gonçalo Noites e Matilde Rodrigues vão lutar pelo ouro no muaythai dos Jogos Europeus

Vice-campeã mundial Sub-23 de muaythai, título conseguido este ano após quatro combates onde perdeu apenas contra Zined Bouhmada, dos Emirados Árabes Unidos, e anterior medalha de prata nos Mundiais de 2022 e de bronze nos Europeus, Matilde Rodrigues, da Sociedade Recreativa de Cheganças, iria defrontar pelo título nos Jogos Europeus a sueca Patricia Axling e acabou por ter o mesmo destino do que Gonçalo Noites uma hora antes, perdendo por 30-27 e acabando a participação com a medalha de prata.

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“Tenho 19 anos, é a primeira vez que venho a um campeonato que faço sem colete, sem proteções e num escalão acima. Não é desculpa mas a verdade é que é um nível de exigência diferente. Tentei dar o meu melhor, bater-me de igual para igual, mas a adversária era muito boa mesmo. Dou-lhe os parabéns. Dei o meu melhor, é o que conta. Comecei e senti-me muito bem no combate antes de ir para o corpo a corpo, agarrar e joelhos. A experiência conta muito. Ela aí é muito mais forte em termos físicos e conseguiu dominar-me completamente nessa parte. Em murros e pontapés, não senti tanto a diferença, apesar de a experiência contar. É mérito dela. Ir ao pódio é um sonho que nunca esteve tão perto. Conseguir é maravilhoso, gratificante. Tornar um sonho realidade. O desporto faz isso”, salientou no final à agência Lusa.

Nos dias anteriores, Matilde Rodrigues ganhara a meia-final na categoria de -57kg derrotando por 30-27 a finlandesa Miina Lotta Sirkeoja já depois de ter batido no domingo a dinamarquesa Anne Linn Sandegaard pelo mesmo resultado. Patricia Axling derrotara a polaca Gabriela Kuzawinska e a azeri Aysu Devrishova.

“O pódio já não foge e sou a primeira mulher a conseguir. É incrível. Eu nem consigo falar, é muito bom mesmo. O último round foi mais uma questão de gestão, porque vou combater mais amanhã [segunda-feira]. Já tinha vencido os dois anteriores. Por causa da faculdade é difícil fazer treinos bidiários mas tenho contado com muito apoio por parte da minha família e do meu treinador. Agora, a felicidade momentânea vai passar a gosto de querer mais”, tinha comentado este domingo à agência Lusa Matilde Rodrigues.

Ainda no muaythai, Gonçalo Noites ganhara a prata na categoria de -71kg, ao passo que Filipa Correia, de 38 anos, perdeu nos quartos de -54kg com a georgiana Elene Loladze e Luís Morais, de 37 anos, foi também derrotado nos quartos de -91kg frente ao italiano Enrico Pellegrino. Portugal passa assim a ter um total de 13 medalhas (ouro de Messias Baptista e Kevin Santos/Teresa Portela na canoagem e Auriol Dongmo no atletismo; prata de Isaac Nader e João Coelho no atletismo, Fernando Pimenta na canoagem e Gonçalo Noites no muaythai; bronze de Francisca Laia na canoagem, Ana Cruz no karaté e Afonso Fazendeiro/Miguel Oliveira no padel), sendo que o 12.º e 13.º pódios estão garantidos com Marcos Freitas no ténis de mesa (vai jogar a final esta terça-feira) e Miguel Frazão na esgrima (disputa a meia-final também durante o dia).