A Assembleia Municipal de Lisboa decidiu esta terça-feira recomendar à câmara a implementação de um programa intergeracional para o alojamento de estudantes em casas de idosos isolados, tendo a vereadora informado que se prevê o desenvolvimento uma plataforma para “matching”.
Proposta pelo PAN, com contributos do PSD, a recomendação pede à câmara municipal que “estude a implementação do Programa Lisboa Intergeracional, em parceria com IPSS/ONG, associações académicas locais e serviços sociais das universidades e institutos politécnicos existentes em Lisboa”.
Apreciada na sessão plenária da Assembleia Municipal de Lisboa, a proposta foi aprovada com os votos contra do PCP, a abstenção do Chega e os votos a favor de BE, Livre, PEV, uma deputada do Cidadãos Por Lisboa (eleita pela coligação PS/Livre), PS, PSD, PAN, IL, MPT, Aliança e CDS-PP.
De acordo com a vereadora dos Direitos Humanos e Sociais, Sofia Athayde (CDS-PP), “está previsto o desenvolvimento de uma plataforma para ‘matching’ universitários e idosos” pela Universidade Nova de Lisboa.
Sofia Athayde disse ainda que a criação de um programa intergeracional para o alojamento de estudantes em casas de idosos isolados consta do projeto da Carta Municipal de Habitação, que aponta para o lançamento de um projeto piloto, por se considerar que “faz todo o sentido para a cidade”.
Na apresentação da recomendação, o deputado do PAN, António Morgado Valente, referiu que, no município de Lisboa, a população sénior ronda 127 mil pessoas, representando cerca de 23% da população total da cidade, enquanto a população estudantil universitária é de cerca de 128 mil alunos, a maioria dos quais deslocados de outras zonas do país e mesmo vindos de países estrangeiros.
Lisboa também tem um problema grave relativamente à falta de alojamento para estudantes“, apontou o deputado do PAN, apresentado como bom exemplo de um problema intergeracional o que foi implementado em Coimbra, designado de “Abraço de Gerações”, que responde ao problema dos jovens estudantes e ao isolamento dos idosos.
Carlos Medeiros, do Chega, considerou que este tipo de programas é “utópica e não resolve nada”, optando por se abster.
A favor da recomendação, CDS-PP, MPT, IL, PS e PSD manifestaram o apoio a soluções criativas e diversificadas que respondam ao problema de habitação dos jovens estudantes ao mesmo tempo que contribuem para combater a solidão e isolamento dos idosos.
Nesta reunião, os deputados aprovaram ainda outras recomendações à câmara, nomeadamente uma do PS para se proceda ao alargamento da rede de postos de carregamento elétrico da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL), uma do MPT pelo aproveitamento da energia geotérmica na cidade e uma do PSD pela isenção de taxas municipais e administrativas às instituições educativas.
Foi ainda viabilizada uma moção do MPT para que o Governo assuma a responsabilidade pela concretização do Museu Olímpico.
Por proposta do MPT e do Livre, foram viabilizados votos de saudação ao Dia Mundial do Refugiado. Durante as intervenções, o deputado Carlos Medeiros, do Chega, foi acusado de ter um discurso xenófobo, após afirmar-se contra a receção de “pseudorefugiados muçulmanos“: “Não queremos uma zona como o Martim Moniz, que mais parece uma zona deslavada do continente indiano”.
A assembleia aprovou também, com a abstenção do Chega e os votos a favor dos restantes, a proposta da câmara de Relatório de Gestão, Demonstrações Financeiras e Orçamentais Consolidados de 2022, que reflete “uma trajetória positiva de fortalecimento das contas” do município e das empresas municipais.