Um programa na SIC, uma entrevista na Visão e agora mais uma entrevista à TSF e ao Jornal de Notícias. Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura que faz parte da coordenação política do Governo, intensificou a sua presença pública na última semana e meia e assumiu o papel ‘rottweiler’ político no ataque a deputados da comissão de inquérito à TAP e comentadores políticos críticos do Governo. O ministro disse este domingo, em entrevista à TSF e ao Jornal de Notícias, que “há comportamentos e lógicas de funcionamento das comissões de inquérito que são elas próprias degradantes da função política.”
O ministro da Cultura diz que os deputados da comissão de inquérito se transformaram numa “espécie de procuradores do cinema americano de série B da década de 80″ e que o espetáculo das comissões de inquérito “é prolongado naquele género de comentário, como se comenta os “reality shows” nos canais noticiosos à noite”, o que, lamenta, “contribui para a degradação da imagem das instituições.”
O governante largou o recato e começou a disparar publicamente contra o inquérito. Na mesma entrevista ao diário comenta ironicamente que “o Governo ia acabar por causa desta comissão parlamentar de inquérito. Agora, como os resultados já não foram aqueles que foram antecipados, o tema já é por que razão o relatório não fala daquilo que gostávamos que falasse”.
E volta a atirar a “políticos, comentadores, jornalistas” que “não percebem o mal que fazem com uma leitura da realidade política como se houvesse sempre um ciclo de apocalipse de 24 horas, que depois é substituído por outro ciclo de apocalipse nas 24 horas seguintes”.
Na defesa incondicional do Governo e do PS, Pedro Adão e Silva só não deixa totalmente incólume João Galamba: “Não desvalorizo os acontecimentos que ocorreram no Ministério das Infraestruturas. Foi muito marcante e há uma reflexão a fazer sobre isso”. Ou seja: o que se passou nas Infraestruturas deve ser alvo de reflexão, mas fora do inquérito à TAP.
Sobre a demissão do secretário de Estado da Defesa, limita-se a dizer: “Foi uma decisão do próprio. Tenho uma leitura sobre a responsabilidade política, que é totalmente autónoma da responsabilidade criminal ou judicial.”