Continuam as reações políticas ao cartoon em vídeo que sugeria que a polícia tem mais pontaria contra pessoas negras, transmitido na RTP. Desta vez, é o Chega que quer chamar ao Parlamento, com “urgência”, o Conselho de Administração da RTP, e o Conselho Geral Independente da RTP e da ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social), de forma a “apurar responsabilidades pela emissão do cartoon”. Já o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, veio explicar que até ligou ao Conselho de Administração para manifestar o seu “desagrado”, mas percebeu pelo “esclarecimento” dos autores que a crítica não se dirigia à polícia portuguesa.
“Logo na sexta-feira à noite tive oportunidade de falar com o senhor presidente do Conselho de Administração da RTP, para lhe manifestar desagrado”, explicou Carneiro aos jornalistas. “Verifiquei que houve um esclarecimento feito pelo cartoonista dando conta de que se referia aos últimos acontecimentos internacionais em França. Entendi-o como uma explicação para o que tinha sucedido, que não se destinava às forças de segurança portuguesas”, justificou.
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Apesar de os ilustradores terem vindo explicar, como dizia o ministro, que o cartoon não tem a ver com a polícia portuguesa, o Chega diz que o caso é “ainda mais grave” por se tratar da televisão pública a transmitir um vídeo com a “clara insinuação de que a polícia é racista. “Um episódio que com o claro intuito de difamar e incitar ao ódio contra os polícias”, lê-se no requerimento apresentado pelo partido de André Ventura.
No mesmo documento, o Chega recorda que o Sindicato Nacional da Carreira de Chefes da PSP já apresentou uma queixa-crime contra os autores e a RTP e que a Comissão Coordenadora Permanente das Forças e Serviços de Segurança e o Observatório de Segurança manifestaram “profundo repúdio à emissão do episódio”.
No fim de semana, o PSD também se tinha mostrado indignado, tendo enviado questões formais à RTP sobre o caso. E o CDS veio dizer que, se o Executivo não vier defender os polícias, “o Governo morreu”.
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Já os ilustradores — André Carrilho, Cristina Sampaio e Tiago Albuquerque — também vieram reagir à polémica, frisando que o espaço em que o cartoon foi emitido, o “Spam Cartoon”, é um “espaço de opinião da RTP que comenta atualidade nacional e internacional”. Neste caso, “o mote foram os recentes acontecimentos em França, com a morte injustificada [de um jovem] às mãos da polícia francesa”.
“Quer formal quer conceptualmente este cartoon nada tem a ver com a PSP nem com as forças de segurança portuguesas, como o atestam a ausência de símbolos e uniformes e o contexto em que foi emitido pela primeira vez”, remataram.