O Millennium BCP mais do que sextuplicou os lucros no primeiro semestre, de 62,2 milhões para 423,2 milhões de euros, anunciou esta quinta-feira o banco que sublinha, porém, que o resultado core do banco – expurgando as questões não recorrentes como as perdas na Polónia – aumentou 40%.
Esse aumento de 40% nos proveitos recorrentes do banco é um espelho mais fiel da evolução da atividade do banco: foi também (quase) 40% que aumentou a margem financeira, o indicador que reflete a diferença entre os juros que o banco paga para se financiar (depósitos, BCE, etc.) e os juros que cobra nos empréstimos que concede.
O forte aumento dos resultados líquidos devem-se, sobretudo, ao facto de o BCP ter feito menos imparidades na Polónia do que no passado recente – esse é um país onde há vários anos o banco tem vindo a ter de registar elevadas perdas devido aos créditos hipotecários que foram concedidos, a clientes desse país onde o BCP tem operação, com indexação a francos suíços.
As comissões ficaram praticamente estáveis em 387 milhões de euros. Ainda no primeiro semestre, o banco registou encargos com 399,12 milhões de euros (dos quais provisões para perdas de 331,63 milhões de euros) relacionados com os créditos hipotecários em francos suíços na operação na Polónia.
“Olhando para o todo não há um problema” no crédito habitação
Na conferência de imprensa de apresentação dos resultados, o presidente executivo do BCP disse que não há um problema generalizado no crédito à habitação, mas problemas específicos para os quais é preciso soluções, e considerou que já é prática no BCP propor taxa fixa.
Miguel Maya afirmou que, “olhando para todo, não há um problema [no crédito à habitação devido à subida das taxas de juro], mas olhando cada caso concreto há problemas” e aí é que preciso “encontrar soluções que permitam que os problemas sejam ultrapassados”.
Esta análise de que problemas no crédito à habitação existem mas são pontuais, pois em geral as famílias estão a conseguir pagar os empréstimos, tem sido comum aos presidentes dos principais bancos.
Miguel Maya foi ainda questionado sobre as declarações do ministro das Finanças, Fernando Medina, de que o Governo está a trabalhar com os bancos para mitigar a subida das prestações do crédito.
Em resposta, o presidente do BCP disse que isso não altera a prática do banco, pois já propõe taxa fixa, quer para novos créditos, quer para quem renegoceia o crédito.
“O que quer que diga o Governo, o ministro das Finanças, não altera nada, porque isso já é prática. (..) Taxa fixa temporária é o que chamamos de taxa mista, nada disto é novo”, afirmou.
(Notícia corrigida com dimensão do aumento dos lucros líquidos, que não quadruplicaram como inicialmente noticiado mas, sim, mais do que sextuplicaram)