O movimento político equatoriano Construye decidiu indicar Christian Zurita como candidato à presidência, por receio de que as autoridades eleitorais recusassem validar Andrea González, candidata à vice-presidência, anunciada no sábado como substituto do candidato assassinado, Fernando Villavicencio.

Christian Zurita trabalhou durante 15 anos com Villavicencio nas investigações sobre corrupção que tornaram o candidato assassinado conhecido da opinião pública do Equador.

Zurita, nascido em abril de 1970, tem uma longa carreira no jornalismo de investigação. Foi redator na revista Vistazo entre 1993 e 2000 e editor da unidade de investigação do Noticiero 24 Horas, programa da estação Teleamazonas, entre 2002 y 2008. Nessa altura seguiu para o diário Expreso, no qual ficou até 2011, altura em que transitou para o El Universo, onde desenvolveu temas como corrupção, crime organizado e narcotráfico, segundo um breve perfil no jornal Primicias. E tornou-se, no desenvolvimento desses trabalhos, amigo de Villavicencio. Aliás, foi através de um tweet seu que foi confirmada a morte do então candidato num comício onde Zurita também estaria.

Andrea González tinha sido anunciada no sábado à noite como nova candidata do Construye às presidenciais de 20 de agosto, mas, como era anteriormente candidata a vice-presidente de Villavicencio, necessitava do aval da Comissão Nacional Eleitoral (CNE). A lei equatoriana determina que “as candidaturas a cargos de eleição popular, uma vez qualificadas e registadas, não podem ser renunciadas”.

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“Não podíamos permitir em nenhuma circunstância que a ausência de Fernando em consequência de um crime vil e atroz pudesse significar uma derrota”, afirmou Zurita uma conferência de imprensa conjunta com González, em Quito. “As ideias de Fernando estão totalmente intactas”, disse Zurita.

Mesmo com esta alteração, o movimento não vai participar no debate eleitoral televisivo que se realiza este domingo à noite, tendo pedido que seja colocada uma cadeira vazia para Villavicencio, assassinado a tiro na quarta-feira, quando saía de um comício em Quito.

Andrea González, que já tinha criticado a CNE, voltou a fazê-lo, por ter sido este organismo que não permitiu que o novo candidato participe no debate. Andrea González manter-se-á como candidata a vice-presidente.

A CNE decidiu manter a data das eleições, apesar do assassínio de um candidato.

Villavicencio, 59 anos, foi assassinado a tiro na quarta-feira, à saída de um comício numa escola no norte de Quito. O crime já levou à detenção de seis pessoas, de nacionalidade colombiana, mas não se sabe quem ordenou o homicídio.

Equador. De jornalista a candidato presidencial morto: quem era Fernando Villavicencio?