São milhares de faturas que mostram almoços fartos, regados com bom champanhe e vinho. A investigação da Sábado aos detalhes das refeições de membros do executivo municipal de Oeiras, incluindo do presidente da Câmara, Isaltino Morais, mostra que desde 2017 a autarquia terá gastado mais de 139 mil euros em “almoços de trabalho”.

As faturas consultadas pela revista mostram uma predileção por entradas como o presunto pata negra, mas também por champanhes de preços elevados. Nas longas faturas encontram-se ainda almoços em que só as entradas custaram 197,50 euros, ou em que a conta encareceu por se ter pedido arrozes de lagosta, “saké afrodisíaco” ou “tabaco” (neste caso, Isaltino Morais garante que se trata de uma “situação anormal” e de um “lapso” do restaurante, uma vez que o tabaco será sempre pago à parte por quem o quis comprar). Segundo o ranking da revista, o almoço mais caro de todos terá custado 1.495 euros, em 2018 (seguem-se outros na ordem dos 900 ou 800 euros).

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Há várias contas de várias centenas de euros, e, segundo a descrição da Sábado, muitas sem discriminação do que se consumiu ou de quem participou (tratando-se de pessoas externas à autarquia) nas refeições. Segundo Isaltino, na maior parte dos casos trata-se de almoços com “dirigentes de instituições públicas”.

Apesar de haver membros do executivo que participaram em muitos destes almoços (alguns deles, segundo as faturas, repetidos — há casos em que uma pessoa diz ter almoçado quatro vezes no mesmo dia), só Isaltino Morais respondeu “por todos”. À revista, o autarca diz que “não é nem nunca foi prática a refeição com extravagâncias”, garantindo que tudo aconteceu “dentro da legalidade” e com faturas que passaram por um “controlo contabilístico”, tratando-se mesmo só de almoços de trabalho.

E acrescentou que trabalhou, com outros colegas, à mesa para “aproveitar a hora do almoço para tais reuniões de trabalho” ou porque as reuniões na câmara se prolongam, por vezes, para a hora de comer.

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