Não tiveram propriamente a melhor estreia na Premier League, tiveram o condão de não perderem na ronda inaugural – e, no caso do Manchester United, acabou até em vitória. Se em relação ao Liverpool começa a perceber-se que a última época foi mesmo uma exceção dentro da era Jürgen Klopp, se no caso do Chelsea os primeiros sinais da nova era Pochettino foram positivos mas não conclusivos, é no Manchester United e no Tottenham que se centram muitas das atenções neste início de temporada em Inglaterra. Com uma nuance, nesta altura não tão pequena quanto isso: enquanto os red devils levam um ano de Erik ten Hag e tenta agora melhorar essa sua nova versão, os spurs começam com Ange Postecoglou um novo ciclo. Este sábado, os dois mediam forças e tentavam mostrar aquela que pode ser a sua melhor versão em 2023/24.

A entrada foi em falso, o arranque já foi a sério: Onana chegou, viu e venceu entre o sofrimento do United com o Wolves

Os londrinos começavam uma reconstrução de tudo sem Harry Kane, capitão substituído no cargo por Son que era “apenas” o segundo melhor marcador de sempre da Premier. Além do avançado, saíram ainda Lucas Moura, Harry Winks e os cedidos Lenglet e Danjuma, chegando ao plantel James Maddison, Micky van de Ven, Guglielmo Vicario, Alejo Véliz ou Manor Solomon, entre outros, além dos regressos de elementos como Destiny Udogie. Mais do que nomes num clube que muitas vezes mostrou ambições demasiado elevadas para aquilo que tinha e para os adversários com quem competia, a aposta passava agora por redimensionar tudo à devida escala com um técnico surpresa perante todos os nomes de que se falaram no verão.

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Já o conjunto de Manchester, o mais titulado de Inglaterra a nível de Campeonato, procurava dar um salto qualitativo perante uma temporada de estreia de Ten Hag que terminou com a vitória na Taça da Liga (que quebrou um jejum de seis anos sem títulos), a final perdida da Taça de Inglaterra, os quartos da Liga Europa e a terceira posição na Premier que valeu o regresso à Champions. As contratações, que ainda não chegaram ao fim, foram cirúrgicas com as chegadas de André Onana para ocupar a vaga de David de Gea, Mason Mount para haver uma alternativa no meio-campo a Eriksson e Höjlund para haver um avançado mais fixo com o potencial que Weghorst não tinha. Ainda assim, era necessário entrosar tudo numa máquina que não se mostrou propriamente muito oleada na receção ao Wolverhampton, na segunda-feira.

As ausências eram muitas nos dois lados, a esperança numa exibição que permitisse convencer também. No final, ganhou o Tottenham. A vantagem por 2-0 acaba por ser injusta para os dois conjuntos, tantas foram as oportunidades criadas ao longo do encontro, mas ficou notório que, apesar de ser natural ter percalços no seu caminho, os londrinos jogam nesta fase de uma forma mais solta, mais alegre e mais confiante do que uns red devils demasiado dependentes de Bruno Fernandes para criarem jogo e que continua a cometer erros como na época passada pela incapacidade de gerir momentos e esticar linhas quando mais precisa. Com isso, o Tottenham voltou a ganhar ao Manchester United na Premier League nove partidas depois da histórica goleada aplicada pela equipa então comandada por José Mourinho em pleno Old Trafford por 6-1.

O encontro começou com o Tottenham a sentir mais dificuldades em construir jogo a partir de trás perante a pressão alta do Manchester United e com Vicario a tirar a Rashford o golo inaugural após jogada de Antony (13′) antes de outro falhanço do internacional inglês depois de um cruzamento de letra de Bruno Fernandes a partir da esquerda (23′). No entanto, e com o passar dos minutos, os londrinos foram melhorando e, entre um cabeceamento de Bruno Fernandes isolado na área que saiu por cima (36′), somaram oportunidades de golo que só por “milagre” não tiveram resultados práticos entre as defesas de Onana a remates de Kulusevski e Sarr e duas bolas nos postes na mesma jogada entre um remate de fora da área de Pedro Porro e um centro de Sarr que desviou em Luke Shaw e por pouco não traiu o antigo guarda-redes do Inter (40′).

As duas equipas tinham feito mais do que suficiente para marcar mas esse tal golo não iria demorar muito no recomeço do segundo tempo: Pedro Porro abriu bem em Kulusevski, o sueco foi à linha de fundo cruzar atrasado e, no meio da confusão, Sarr desviou na área sem hipóteses para Onana (49′). A resposta demorou menos de dois minutos, com Antony a acertar no poste após assistência de Bruno Fernandes, Udogie, na resposta, a ficar perto do 2-0 (52′) e Vicario a evitar o empate de Casemiro na sequência de um livre lateral de novo batido por Bruno Fernandes (56′). Apesar desse aparente equilíbrio, o Tottenham tinha o domínio do jogo e acabaria por somar o triunfo numa partida que merecia mais golos além do 2-0 numa boa jogada entre Perisic e Ben Davies que teve ajuda de Lisandro Martínez com um toque para a própria baliza (84′).