As bolas a rodar dentro dos potes, ao contrário daquelas que rolam no relvado, definem um guião que subestimam a improvisação. Isto significa que o FC Porto parece ter um cenário favorável para poder voltar aos oitavos de final da Liga dos Campeões (o que não quer dizer que o faça). Os dragões conseguiram fugir aos tubarões com os dentes mais afiados e vão partilhar o grupo H com o Barcelona, equipa espanhola que se espera que seja o maior rival na disputa pelo primeiro lugar. Shakhtar Donetsk e Antuérpia, em estreia na competição, completam um grupo que seria uma desilusão não superar.

O FC Porto é uma das equipas com mais participações na Liga dos Campeões no atual formato, num total de 36 presenças do clube na competição (27 desde 1992). Na temporada passada, os azuis e brancos foram eliminados pelo Inter nos oitavos depois de superarem o Club Brugge, o Bayer Leverkusen e o Atlético de Madrid na fase de grupos. Após derrota por 1-0 em Milão, a equipa de Sérgio Conceição não foi além do empate a zero na segunda mão. Os dragões sagraram-se campeões europeus em 1986/87 e 2003/04.

O nosso grupo da @championsleague ⚽
???? FC Barcelona, FC PORTO, Shakhtar Donetsk e Royal Antwerp FC ???? #UCLdraw pic.twitter.com/UovK3gnyCS

— FC Porto (@FCPorto) August 31, 2023

Barcelona: amigos, amigos, milhões à parte

Da última vez que o FC Porto venceu a Liga dos Campeões, o atual diretor desportivo do Barcelona jogava no meio-campo da equipa azul e branca. Deco, atual dirigente do clube blaugrana, assumiu um papel de relevo num clube em reestruturação e que viu a janela de mercado ser muito condicionada por problemas financeiros. Ainda assim, foi exatamente no mesmo cenário que a equipa catalã se sagrou campeã espanhola na temporada passada com dez pontos de vantagem em relação ao Real Madrid.

Esta temporada, o Barcelona já escorregou na Liga ao empatar logo na jornada inaugural com o Getafe, tendo depois desse deslize batido o Villarreal e o Cádiz. Gündogan foi a grande contratação da temporada. Xavi conta ainda no plantel com Robert Lewandowski, a principal referência da equipa, e com jovens de qualidade como Gavi e Pedri. Lamine Yamal, de 16 anos, tem sido o mais recente talento de La Masia a dar nas vistas, sendo que a saída de Ansu Fati, outra das pérolas da formação, pode abrir vaga para a chegada de João Félix.

A última vez que os dois emblemas se defrontaram foi na Supertaça Europeia, em 2011. O FC Porto perdeu por 2-0 no Mónaco. Os dragões têm a oportunidade de tentar um feito histórico: vencer pela primeira vez em casa do atual campeão (que não jogará no Camp Nou). Na época anterior, o Barcelona foi eliminado da Liga dos Campeões na fase de grupos, caindo para a Liga Europa onde cedeu com o Manchester United.

Shakhtar Donetsk: uma viagem à Alemanha com ucranianos à espera

A equipa ucraniana tem na prova europeia uma oportunidade para realizar uma demonstração de força num palco internacional. O Shakhtar Donetsk vai jogar os encontros da fase de grupos na Alemanha, mais concretamente em Hamburgo, pelo que o FC Porto tem a vantagem de fazer um jogo praticamente em campo neutro e numa zona onde se concentram muitos emigrantes portugueses. Além disso, outro registo a favor do clube azul e branco é que, em seis jogos contra o campeão ucraniano, nunca perdeu.

Depois da marca que Paulo Fonseca e Luís Castro deixaram no comando técnico do Shakhtar a seguir a Mircea Lucescu, Patrick van Leeuwen é o atual treinador da equipa. O neerlandês vai assim estrear-se na maior competição europeia de clubes pelo que a falta de experiência também pode ajudar os portistas.

Mykhaylo Mudryk foi a grande estrela do conjunto ucraniano até deixar o clube para rumar ao Chelsea em janeiro, sendo que, este verão, Anatoliy Trubin reforçou o Benfica. Em tempos, muitos brasileiros rechearam de talento o Shakhtar Donetsk, mas, neste momento, a equipa é constituída maioritariamente por jogadores nacionais. Ainda assim, é Lassina Traoré, ponta de lança de 22 anos do Burquina Faso, que se tem destacado com dois golos em três jogos no Campeonato. Apenas por quatro vezes em 17 participações os ucranianos foram além da fase de grupos, sendo que a última vez que isso aconteceu foi em 2017/18.

Antuérpia: a história de embalar que não é para fazer adormecer

Esta é a estreia do Antuérpia na fase de grupos da Liga dos Campeões. Na época passada, a equipa belga sagrou-se campeã pela primeira vez desde 1957 com um golo no tempo de compensação da última jornada.

Num plantel jovem, são dois jogadores experientes que se destacam. Na defesa, Toby Alderweireld, de 34 anos, internacional belga por 127 vezes é o porto seguro da equipa. Após sete épocas a jogar em Inglaterra, seis delas no Tottenham, o central teve uma passagem pelo Qatar antes de regressar ao país. Lá na frente, o plantel conta com Vincent Janssen, neerlandês que representou os Países Baixos no Mundial de 2022.

O Antuérpia é treinado pelo antigo internacional neerlandês Mark van Bommel, um velho conhecido da Seleção sobretudo pela “batalha” de Nuremberga no Mundial de 2006 que acabou com quatro cartões vermelhos, que transitou da temporada passada. Os belgas tiveram que ultrapassar o AEK Atenas no playoff antes de terem o acesso garantido à fase de grupos. Na primeira mão, em casa, Vincent Janssen marcou o golo da vitória. Na Grécia, Gyrano Kerk abriu o marcador e, quando a eliminatória se preparava para ir para o prolongamento, Michel Balikwisha colocou o Antuérpia na liga milionária.