As estradas portuguesas passam nesta sexta-feira a contar com 37 novos radares, dos quais 12 são de controlo da velocidade média. Os radares de velocidade média vão ser testados pela primeira de norte a sul do país (pode ver a lista mais abaixo), mas este sistema não ficará por aqui. “A próxima expansão será muito em breve”, avisa a secretário de Estado da Proteção Civil que diz que a “abordagem antiga não foi suficiente” para baixar número de acidentes de viação: “No início do próximo ano já estaremos em condições de garantir a restante expansão”.

Por agora entram em funcionamento 37 radares aos quais vão juntar-se mais 25 a breve prazo, no total de 62, conforme adiantou à Lusa o Presidente da ANSR, Rui Ribeiro. A intenção do Governo é ir reforçando este sistema, com Patrícia Gaspar a dizer à RTP que não ficará pelas localizações atuais (ver em baixo quais são). “O grande racional de base para a expansão deste sistema de controlo de velocidade é reduzir os índices de sinistralidade e em concreto o número de vítimas mortais”, explica a governante que disse ainda que as localizações atuais resultaram de um estudo de base que mostrou que são os sítios “onde a sinistralidade é mais alta, sobretudo quando associada ao excesso de velocidade”.

Os radares vão permitir “controlar a velocidade num espaço mais dilatado e controlar diferentes carros em simultâneo e não apenas um. Nos troços a sinistralidade não se regista num ponto concreto, mas sim, ao longo do troço, e portanto, pode revelar se ao longo deste troço há realmente um controlo de velocidade”, detalhou ainda Patrícia Gaspar.

Em declarações à Lusa, o líder da ANSR disse ainda que “os radares contribuem, de facto, para diminuir a velocidade. Nesses locais reduziu-se o número de acidentes com vítimas em 36% e as vítimas mortais diminuíram 74%. Há uma clara correlação entre a existência de radares, a diminuição da velocidade e a sinistralidade. O que esperamos é que estes radares contribuam também para salvar as vidas das pessoas que circulam nas nossas estradas”, afirmou Rui Ribeiro.

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Estes novos radares somam-se aos 61 já existentes e representam um investimento global de 6,2 milhões de euros, sendo que o investimento da instituição foi de 5,8 milhões de euros. Todavia, a intenção é não ficar por aqui. “O número de radares em Portugal ainda é diminuto face ao normal na Europa e sobretudo nos países onde a sinistralidade é, para nós, uma referência, como é o caso da Suécia. Temos muito poucos radares por milhão de habitantes, é um número insuficiente face ao que é normal nos países da Europa”, refere Rui Ribeiro, continuando: “Não sei quando, mas, provavelmente, num futuro próximo teremos uma nova ‘leva’ de radares”.

Sublinhando que os novos radares serão “uma questão de hábito” para os condutores, com destaque para os de velocidade média — que controlam a velocidade entre dois pontos e verificam se a média é superior ao limite daquele troço —, Rui Ribeiro reafirma a importância de baixar a sinistralidade e rejeita a “caça à multa”: “Nós contamos vidas, não contamos euros”.

Onde vão estar os novos radares que controlam a velocidade média?

Os 12 radares de velocidade média vão fiscalizar autoestradas e também em itinerários complementares e estradas nacionais, como pode verificar nesta lista:

  • A1 (Santarém e Mealhada);
  • A3 (Braga e Trofa);
  • A25 (Águeda);
  • A42 (Paços de Ferreira);
  • IC2 (Loures e Rio Maior);
  • IC19 (Sintra);
  • EN10 (Montijo e Vila Franca de Xira);
  • EN109 (Figueira da Foz);
  • EN211 (Marco de Canaveses).

A instalação dos radares é também vista com bons olhos pela Prevenção Rodoviária Portuguesa, que enfatiza o seu papel enquanto “ferramenta para uma gestão de velocidade adequada”. Para o presidente da associação, José Miguel Trigoso, o controlo da velocidade média pode revelar-se “mais eficaz” a reduzir os acidentes.

“Este método é claramente benéfico relativamente ao outro que só media a velocidade instantânea naquele ponto e depois seguia-se a uma velocidade completamente diferente. Aqui, pelo menos durante determinada extensão de via — que tem acumulação de acidentes devido à velocidade — esse controlo é efetuado e garante um prolongamento de uma velocidade mais adequada por parte dos condutores”, observa.

Por sua vez, a Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M) lembra que propôs radares de controlo da velocidade média em 2001. “Vai, finalmente, ser posto em prática. Nós não podemos senão congratular-nos com o facto, porque o controlo da velocidade média é um complemento importante ao controlo da velocidade máxima na fiscalização das estradas”, indica o presidente da entidade.

Porém, Manuel João Ramos defende que os radares devem ser complementados com outras estratégias: “Os radares não podem ser o principal instrumento de controlo do risco rodoviário nas estradas. É isso que nos preocupa: falta pessoal, faltam meios e falta um funcionamento equilibrado do sistema de controlo rodoviário e para isso é, de facto, necessário aumentar a capacidade das patrulhas da GNR e da PSP para a fiscalização nas estradas”.

Os restantes 25 radares destinam-se a medir a velocidade instantânea e a sua atividade vai centrar-se em estradas nacionais, mas não só. Veja a lista deste tipo de radares

  • A1 (dois em Vila Nova de Gaia);
  • A2 (Albufeira);
  • A44 (Vila Nova de Gaia);
  • A7 (dois em Guimarães);
  • EN101 (Guimarães);
  • EN103 (Barcelos);
  • EN105 (Santo Tirso);
  • EN109 (Figueira da Foz);
  • EN119 (Benavente);
  • EN125 (Faro);
  • EN14 (Maia);
  • EN18 (Belmonte);
  • EN206 (Fafe);
  • EN234 (Nelas);
  • EN251 (Coruche);
  • EN252 (dois radares em Palmela);
  • EN260 (Beja);
  • EN5 (Montijo);
  • IC17 (Loures);
  • IC2 (Coimbra e Águeda);
  • IP7 (Lisboa).