Não foi propriamente uma vitória, teve quase um sabor como tal. Depois do bom arranque de Campeonato da Europa de voleibol frente à Roménia com um triunfo pela margem máxima (algo que nunca acontecera nas outras seis presenças na fase final), Portugal perdeu com a França por 3-1 mas tirou um set aos atuais campeões olímpicos em título, obrigado o conjunto do italiano Andrea Giani a trabalho extra para somar o segundo sucesso na prova e ganhando confiança para aquilo que se seguia nesta primeira fase de grupos. Era essa confiança que João José pretendia agora prolongar para o jogo com a Grécia, em Telavive.

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Olhando para o calendário do grupo D, a partida com os helénicos podia não ser decisiva para a qualificação para a próxima fase mas um triunfo permitiria a obtenção de dois objetivos em paralelo: logo à cabeça, uma segunda vitória em três encontros praticamente selava o apuramento para os oitavos; depois, iria permitir que Portugal continuasse a depender apenas de si com outra margem para lutar com Turquia e Israel pelo segundo lugar do grupo que deverá ser ganho pela França, sobretudo após os dois triunfos na “negra” dos israelitas diante da Grécia e da Roménia (os turcos tinham realizado apenas uma partida até esta sexta-feira, numa derrota por 3-0 com os gauleses, e perderam antes por 3-2 com os romenos).

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O histórico jogava a favor de Portugal, com João José a ter também memórias, neste caso más, das partidas com os helénicos: em 2002, a Grécia bateu a Seleção na luta pelo sétimo lugar do Mundial, naquela que ficou como a melhor prestação nacional de sempre na prova. Mais recentemente, o balanço tornou-se favorável com três vitórias e uma derrota na Liga Europeia de 2010 e mais dois triunfos nas fases finais do Europeu de 2019 e de 2021. No entanto, a estatística não joga, ao contrário da parte física naquela que foi o terceiro jogo seguido de Portugal em Telavive. E se o início foi de sonho, o final acabou em tragédia com uma derrota por 3-2 que pode complicar as contas nacionais na qualificação para os oitavos e no lugar nos grupos.

O encontro começou com algum equilíbrio até dois pontos de Filip Cveticanin, num bloco direto e no centro da rede, que permitiram que Portugal passasse para a frente (6-4) antes de Alexandre Ferreira começar a aparecer também mais no jogo para chegar a uma vantagem máxima de cinco pontos (10-5), que se foi prolongando até a uma quebra que nem mesmo um desconto de tempo conseguiu travar. A Grécia chegou mesmo a passar para a frente quando se aproximava da fase decisiva mas foi nesse momento que o bloco da Seleção voltou a funcionar, permitindo uma pequena margem para fechar o primeiro set em 25-22.

Ivo Casas voltou a somar mais um grande jogo com Portugal a ser melhor a todos os níveis até quebrar em termos físicos

Apesar de alguns altos e baixos na exibição de um jogo que parecia controlado, algo para o qual João José já tinha alertado na primeira partida com a Roménia, Portugal conseguia começar na frente e iniciar também da melhor forma o segundo parcial, com nova vantagem de quatro pontos que dava uma confiança reforçada à Seleção para gerir da melhor forma o seu jogo e que não conheceu qualquer quebra, até ao triunfo por 25-19 que deixava a vitória a um set. Essa consistência acabou por não ter prolongamento no início do terceiro set também face à melhoria da Grécia, que chegou a ter quatro pontos de avanço (11-7). Aos poucos, Portugal conseguiu aproximar-se, mas os helénicos acabariam mesmo por chegar ao triunfo por 25-20, com mais razões de preocupação perante os problemas físicos de Alexandre Ferreira e Miguel Tavares Rodrigues.

Ficava pelo menos o alarme de que a Seleção teria de voltar a subir o seu rendimento perante uma formação helénica cada vez mais confiante e solta na partida mas a quebra coletiva e individual de Portugal já não conseguia ser disfarçada nem com as alterações que João José ia tentando introduzir, o que deu hipótese não só do triunfo com larga margem no quarto set à Grécia por 25-16 como a superioridade no jogo na “negra”, que ainda esteve equilibrada até à troca de campo mas acabou com a reviravolta helénica por 15-12.